terça-feira, março 22, 2016

microleituras

O amor das ilhas e o amor de algo e de alguém, nas ilhas.

Cristóvão de Aguiar, Sonetos de Amor Ilhéu (1992)








1 poema

 NA ESQUINA DO VENTO

minha casa plantaste na esquina do vento
onde as marés afinam suas melodias
desde então te respiro e ganho meu sustento
caiando de palavras os muros dos dias

entre o meu e o teu corpo um intervalo lento
que a baixa-mar escolta bem de penedias
redobra o meu querer-te quanto mais te invento
e só depois me vejo de órbitas vazias.

velha pecha esta minha de mergulhar
nos confins do teu nome para te procurar
e a mim também por rumos que eu já nem sabia.

à minha conta trouxe o mar dentro em mim
vazei-o no meu búzio no dia em que vim
-- ouço o marulhar não lhe cheiro a maresia.

(também aqui)

2 comentários:

sincera-mente disse...

Amor...
A incessante busca, o inevitável vazio...

Boa incursão poética!

Ricardo António Alves disse...

ou... não há amor real sem invenção.