terça-feira, junho 25, 2013

americanos, talibãs, estão todos doidos

A propósito do caso Snowden, leio que o homem não era propriamente um espião mas funcionário de uma empresa que trabalhava para a NSA em regime de outsourcing... Então matérias de segurança nacional são entregues a empresas privadas?... São loucos estes americanos.

Loucura diferente é a dos talibãs paquistaneses. Querem retaliar os ataques dos drones, vingam-se dos americanos assassinando turistas russos, ucranianos e... chineses. Eu até percebo a lógica retorcida do fanatismo. Russos e ucranianos também fazem o sinal da cruz, há sempre contas antigas a ajustar, nem que seja por solidariedade com os estudantes de teologia do país vizinho. Como não havia americanos à mão... Quanto aos chineses, também têm um problema islâmico dentro de fronteiras -- que, aliás, resolvem com um procedimento semelhante ao que levam a cabo no Tibete: repressão, colonização interna, aculturação forçada. Mas não me parece nada saudável para os talibãs esta atitude provocação dos chineses, ainda por cima ali tão perto e com fronteira comum.

segunda-feira, junho 24, 2013

acordes diurnos


Nem sei que velha ferida / Que me queima, devagar
José Régio

sexta-feira, junho 21, 2013

Dilma Rousseff e a cena obscena

É uma triste ironia que a justa revolta das ruas brasileiras ocorra no mandato de Dilma Rousseff. Não apenas pelo seu passado, enobrecido pela luta armada contra a ditadura militar -- valendo-lhe prisão e tortura --, como pelo seu presente, pois ela foi quem, visivelmente, demonstrou maior intolerância para com a corrupção. Espero que passado, presente e a fibra que lhe é peculiar a confirmem como a estadista que o momento precisa.
Por outro lado, a curiosa reacção de muitos brasileiros às copas, em casa, mostra que cada vez mais o mundo do futebol é uma cena obscena. Quando o pão é pouco, o circo não deve brilhar em excesso.

quinta-feira, junho 20, 2013

O IDIOTA DA ALDEIA

de Chaim Soutine (1920-22)
está em Avinhão, Museu Calvet

quarta-feira, junho 19, 2013

um pateta do momento

As juventudes partidárias normalmente são antros de más companhias, escolas de pequena corrupção, embora também haja gente boa, mas que não fica por lá muito tempo. De uso, são bons no que fazem, e têm a vida cá fora.
A juventude do PSD produziu agora um pacóvio que das duas, uma: ou é um espertalhão, que ao  perguntar quanto custam os sindicatos ao Estado, já tem a lábia toda, a vigarice populista bem aprendida; ou então é mesmo a abécula que parece ser, e não tem noção de que ele (recordemos: politicozinho imberbe, mas já a receber ordenado do erário público) produziu uma declaração em forma de pergunta que envergonharia qualquer aprendiz. Com sorte, e apesar do pouco jeito, é capaz de chegar a secretário de estado, pelo menos.

terça-feira, junho 18, 2013

A voz do Mar é como um grande bater d'asas...
João de Barros

segunda-feira, junho 17, 2013

Q

Yves Sente & André Julliard, Le Sermaent des Cinq Lords (2012)
um dos melhores Blake & Mortimer's pós Jacobs.

sexta-feira, junho 14, 2013

um ensaio sobre a lucidez

Esta crónica de João Pinto e Castro, hoje falecido,via L.de B.

senhor do seu métier

Júlio Dinis é enorme. Com Camilo e Eça faz parte da santíssima trindade da novelística portuguesa de oitocentos. A escrita, tão escorreita quanto cuidada; a densidade psicológica que transparece da observação fina; a aguda compreensão do seu tempo histórico; o wit que brotará (vamos pensar assim...) do sangue inglês que lhe vem de Ana Constança Potter, sua progenitora; o próprio savoir faire enquanto autor que se pré-publica nas páginas de um jornal, e que, engenhosamente, sabe aguçar a curiosidade do leitor, prendendo-o e dessa forma fidelizando-o à folha que lhe acolhe o folhetim...
Quatro romances, contos, poesia, algumas peças juvenis -- e tese do curso de Medicina à parte --, numa vida que se esgotou ainda antes de completar os 32 anos. 
Por exemplo, o notável A Morgadinha dos Canaviais (1868), que me preparo para saborear de novo, os dois viandantes encavalitados em muares numa tarde de Dezembro, «sincero e genuíno Dezembro, açoutado do sul e sem contrafeitos sorrisos de primavera», o percurso inóspito e agreste no Minho, apesar de «risonha e feracíssima província», perto já da de Trás-os-Montes, «alpestre e severa». É Henrique de Souselas, um dândi de Lisboa, espécie de Ulisses novato, em estafada e pequena odisseia pelo Norte profundo. A delícia das interpelações ao leitor sobre as vantagens e os inconvenientes das viagens, o que se antegoza e o que se sofre, e o que de novo merecerá recordação saudosa e confortante, passado um bom tempo pelos muitos incómodos que  implicava o jornadear pelos trilhos do Portugal da Regeneração, ainda (e sempre) por terminar. A reflexão sobre o benefício da descoberta que a viagem permite, a surpresa do novo e do desconhecido, contrastante com o hábito e a rotina:
«O homem positivo e frio recolhe de qualquer excursão à pátria com a carteira cheia de apontamentos; o entusiasta e poeta nem uma data regista. Viu menos, sentiu mais.»
Assim: preciso, exacto, certeiro, em duas páginas iniciais de um romance.


domingo, junho 09, 2013

O meu lar funda-se na ideia / Do Paraíso perdido tão literária
Fiama Hasse Pais Brandão

sexta-feira, junho 07, 2013

tralha religiosa

Tem que dizer-se ao governo turco que, querendo fazer parte da UE, não se disparam balas e largam cães a quem pretende defender um parque urbano. E, de passagem (não esquecendo problema curdo e questão arménia), que legislar sobre véus, bebidas alcoólicas e demais tralha religiosa é para outras paragens. Para já o povo turco, o das cidades, o esclarecido, etc., está a dar boa conta de si, mostrando coragem e personalidade.



terça-feira, junho 04, 2013

o lugar do estranhamento

Ler Para Sempre (1983), de Vergílio Ferreira é tanto mais compensador quanto melhor pudermos saborear a mestria com que o autor domina a arte de escrever. São precisos muitos anos de escrita, de reescrita (e de vida, também) para que a mão surja tão miraculosamente adestrada, o tempo da narrativa tão sabiamente contido, a reflexão interior tão percucientemente formulada. Os temas recorrentes do fim e da infância são-nos dados nos capítulos iniciais, em que -- a par de  uma primeira referência a Sandra, que percebemos ser alguém determinante e de aparições fantasmáticas de velhas tias -- o protagonista que regressa à «casa», ao lugar do crescimento e de estranhamento inicial; ao tempo e ao espaço em que foi Paulinho, mas não feliz.