quarta-feira, setembro 30, 2015

Como saltar dos meus versos / para os teus braços
Ana Hatherly

segunda-feira, setembro 28, 2015

um olhar fixo e escuro

«Arménio sustentou o olhar dela, fixo e escuro, rasgado e molhado, tal o das vacas que ele vira agonizar, de parto mal sucedido, quando ainda o chamavam, como veterinário, para as salvar ou para lhes apressar o passamento. O que o confundia nesse olhar dela, que o atravessava, que o ignorava, era a ausência momentânea de ódio, banido pelo afluxo, pela amargura, pelo ardor, de uma irresistível saudade.»

Urbano Tavares Rodrigues, Bastardos do Sol (1959)

domingo, setembro 27, 2015

criadores & criatura


Lee Falk

Ray Moore


O Fantasma

sábado, setembro 26, 2015

se tivesse de escolher só uma música

Há dias ouvi o José Cid dizer que Cantigas do Maio é o melhor disco de sempre da música portuguesa. Para mim, continua a ser o Por Este Rio Acima, do Fausto, mas este não pode deixar de estar nos lugares cimeiros. José Afonso, também para mim, o maior compositor da nossa música popular urbana. O seu legado já faz parte do cancioneiro português. Escolher uma música apenas é, portanto, tarefa muito difícil. A sublimidade deste «Maio Maduro Maio» é tal, que acabou por se me impor. E não só pela melodia caracteristicamente afonsina e a profundidade da letra, mas também e muito pelos geniais arranjos de José Mário Branco, o produtor deste disco a todos os títulos histórico (é o de «Grândola, Vila Morena») de 1971.

sexta-feira, setembro 25, 2015

especiarias intelectuais

«Vadiávamos por aquele bairro elegante e histórico, também ele abarrotado de recordações, por aquele bairro tão inteligente e tão saturado de especiarias intelectuais e gastronómicas que as suas pedras gordurentas parecem suar de fadiga e repugnância.»

Raymond Abellio, Os Olhos de Ezequiel Estão Abertos (1949)

pelas sondagens

A vitória da PàF parece-me impossível, muito menos com a mairia absoluta tão próxima que se desenha. Sim, a abstenção vai ser grande, e beneficiar a coligação; sim, os que emigraram também não votarão, na sua maioria, o que é igualmente uma vantagem para o PSD-CDS. Mas não acredito que a maioria dos votantes seja tão artolas, tão injinha, que renove a confiança em quem ludibriou os portugueses e fez deles parvos, em quem governou à deriva nos últimos quatro anos e meio, excepto no desígnio primeiro de vender o Estado, em quem foi vergado pelo Tribunal Constitucional, indecorosa e sucessivamente desafiado. Significaria isso que a mentira e o truanismo compensam em política; e quem se dá ao trabalho de respeitar os cidadãos, como é seu dever democrático, apresentando propostas com uma consciência de país e para o país, com todas as reservas ou interrogações que possam suscitar, fica enredado nessas mesmas propostas, por falta de jeito para a aldrabice.
Eu não tenho grande opinião sobre os portugueses, é um facto; mas mesmo assim há limites para a estupidificação. Passos Coelho vai ganhar as eleições? É de anedota, é para não levar a sério (o país?).

terça-feira, setembro 22, 2015

guinadas de diesel

«Dos edredons dos miúdos vinha de tempos a tempos um reboliço de tosse. O pediatra tratava a pingos e xaropes essas guinadas de diesel, e espanta-me que hoje, em lugar de um par de crianças pálidas e magrinhas, abraçadas a fraldas, mastigando os charutos das chupetas, me apareçam aos domingos, no vestíbulo escuro do prédio de Campolide onde moravam os meus pais e eu moro agora, adolescentes de capacete marciano, com uma esperança de bigode entre o nariz e a boca, enfurecendo as motorizadas para me exigir dinheiro, no clima tenso dos assaltos aos bancos.»

António Lobo Antunes, Auto dos Danados (1984) 

Bonifácio desenterra Kipling e tem palmas

No Prós e Contras de ontem, Pais Antunes interpelava Soromenho Marques por causa das responsabilidades que este atribuíra, e bem, ao Ocidente pela catástrofe em curso no Médio Oriente, com a lenga-lenga de que o segundo entrava no choradinho masoquista ocidental que se atribuía  as culpas dos males do mundo.
Viriato Soromenho Marques é um senhor. Não vai ali vender banha da cobra como um político de aviário, e teve uma caridade evangélica diante da inefável Fátima Bonifácio (que logrou aplausos ao invocar o "fardo do homem branco" diante duma audiência que de Kipling só conhecerá o Mogli e o Balu, julgando-os criaturas em primeira mão do Walt Disney).
Voltando à insurgência de Pais Antunes: se há grande responsável pelo desastre iraquiano e sírio ( por muito que Assad não possa ser afastado da equação), esse tem o nome de um país: Estados Unidos da América, com a guerra criminosa levada a cabo contra o Iraque. Os nomes: o inimputável Bush filho; os facínoras Cheney e Rumsfeld, entre outros; o repugnante Blair. Esses criaram o caos do qual emergiu o Estado Islâmico. O resto são histórias da carochinha, cortinas de fumo, aldrabices, pura desinformação que deixa o cidadão comum desorientado, a ver em cada criancinha de colo um degolador.

No meio desta miséria, que reconfortante é ouvir a voz esclarecida, ponderada e humanista de Rui Marques.

domingo, setembro 20, 2015

III Guerra Mundial

O Papa Francisco falou hoje em Havana numa II Guerra Mundial por etapas (cito de memória) que está a desenrolar-se. Por enquanto só os de baixo a sofrem na pele. Por enquanto. Só os homens e mulheres de boa vontade a poderão deter. Se tiverem força e ainda forem a tempo.

Tsipras

A capitulação de Tsipras ainda terá muito que se lhe diga. Esperançado com outras vitórias a Sul (seria bom Portugal poder acrescentar alguma coisa), que possam secundar a que obteve hoje, não me parece que outras frentes possam ser abertas. Pelo menos não quer ir para além da troika, não quer governar contra o seu povo, como fizeram os partidos gregos, e já agora, estes gajos do PàF. A reserva mental em relação ao III Memorando poderá garantir isso mesmo. De qualquer modo, confirma-se como raposa política. Que mantenha a ideologia aliada ao pragmatismo, sem ser o Xerife de Notthingam de príncipes que falam alemão, é o que eu espero. 

sábado, setembro 19, 2015

estampa CXCV - Antonello Da Messina


A Virgem com o Menino (1470)
National Gallery, Washington

sexta-feira, setembro 18, 2015

bobós em espaço público

A ecologia merdificada do espaço público gera caralhices noticiosas como a do incidente ocorrido na Festa do Avante!, que não interessam a ninguém. E não interessam porque, a não ser que haja provas, é a palavra da alegada vítima contra a do PCP. Como não conheço a vítima nem o PCP, não faço fé em nenhuma.
Mas já que estamos no domínio do picaresco, apetece-me elaborar sobre o assunto (tive sempre uma estranha atracção pelo grotesco...).
Para começar, sou um adepto de bicos em espaço público, versão hetero, mas nada contra o homo. Sou adepto, em locais próprios para o efeito ou em sítios em que não haja grandes possibilidades de uma família andar a passear tranquilamente e se depare com cenas macacas. Sendo um entusiasta daquilo a que os brasileiros chamam boquete (saravá, leitores desse lado!), sou-o também da Festa do Avante! (não há relação; não há contradição...) Não falhei uma edição das que se realizaram no Alto da Ajuda, in illo tempore; e, hélas!, só me desloquei uma vez à Quinta da Atalaia, por preguiça. Quais festivais, qual carapuça!, aquilo é que é -- toda a gente se sente lá bem e ninguém anda a ver se somos  camaradas ou não.
Assim, sobre as duas versões vindas a público, apetece-me escrever o seguinte:
versão 1) dois homens trocaram um beijo em público no recinto da festa e foram agredidos por elementos da organização. A ser verdade, tal é uma selvajaria e o PC tem que tomar medidas para que não volte a acontecer um episódio semelhante. É violência e homofobia odiosa.
versão 2) dois marmanjos (ou um casal hetero -- para o caso tanto faz) ajavardam o espaço público. Nesse caso, a organização não só faz bem em expulsá-los, como (embora seja ilegal, concedo mas quero lá saber) uns calduços bem aviados nos elementos masculinos é altamente recomendável, para que para a próxima pensem duas vezes antes de partilharem a boçalidade com a público. 
Homofobia? Não me fodam. Lembra-me um episódio passado com um amigo, que, ao aproximar-se do portão da casa, dá com um tipo a mijar-lhe à entrada. Ao perguntar-lhe se ele também fazia isso à porta da casa dele (e provavelmente a pergunta foi feita com umas asneiradas à mistura, compreensivelmente), o rapaz, que por acaso era negro, respondeu-lhe: "Epá, isso é racismo!"... 

quinta-feira, setembro 17, 2015

50 discos: 12. CARAVAN (1968) #1 «Place Of My Own»


da vigarice e da cobardia

Depois da campanha negra sobre a alegada homossexualidade de Sócrates (como se o assunto interessasse a alguém), depois do caso Freeport, inventado por um dirigente local do CDS e trazido para uma campanha eleitoral por uma folha de couve moribunda, pretexto para a prática de caça a Sócrates, então primeiro-ministro (gangsterismo puro e pulha, que me levou a votar nele, nessas eleições), a cáfila que destruiu o país avança agora para isto: fotomontagem com Sócrates alegadamente a promover uma universidade brasileira.
Este o calibre de gente que se propõe continuar a governar Portugal. Tomam-nos por parvos. Que vigaristas e que miseráveis!

terça-feira, setembro 15, 2015

as intrusas

«Em três gerações aparecia um esbanjador ou um curioso de emoções fortes. Trazia para casa uma mulher pouco recomendável ou, no mínimo, pobre como um rato e que não sabia fazer nada senão empaturrar-se de doce e pintar as unhas. Seria sempre uma pária nessa família que se podia dizer de acolhimento e que não lhe confiava os segredos, as chaves dos armários e uma espécie de calão que levava cem anos a fixar-se e pouco menos a aprender.»

Agustina Bessa Luís, Antes do Degelo (2004)Antes do degelo

segunda-feira, setembro 14, 2015

50 discos: 10. THE DOORS #1 «Break On Through (To The Other Side)»


Os trabalhistas elegeram um trabalhista para líder, olha que maçada.

O que tenho lido por aí a respeito da eleição do radical Corbyn para a liderança do Labour não provoca sequer um piscar de olhos de espanto ou susto. Para os gestores que fazem as vezes de governantes da Europa (e comentadores arregimentados ou impressionáveis pela barragem argumentativa destes esportulados), Corbyn representa a siryzação dos trabalhistas ingleses. Reacção idêntica à dos coninhas do socialismo. Resume-se assim: para ganhar eleições, os partidos socialistas devem ser iguais aos partidos tomados pelos interesses do capitalismo selvagem, mais umas flores esquerdizantes. Caso contrário, serão radicais, populistas, alucinados.
Vamos ver a alucinação de Corbyn:
Defende a permanência do Reino Unido na UE; é crítico da NATO (ó pecado!), não defendendo, no entanto, a saida do país da organização; republicano, não abre a questão do regime; antiausteritário (deus do céu!, que perigoso jacobino); defende a renacionalização dos caminhos-de-ferro, privatizados pelo vendido do Blair; defende a SNS britânico e a educação pública gratuita. Parece que cometeu também o crime de reunir-se com o Hamas e o Hezbollah, com o intuito de ouvir os seus pontos de vista, coisa impensável; ou de ter visto Chávez com simpatia, depois de ter varrido do poder venezuelano os corruptos dos socialistas de lá.
Os gestores (recuso-me sequer chamar àquilo 'direita', porque não tem dignidade política acima da mercearia) que governam os europeus, assustando-se ou rebolando-se, vaticinam a destruição do Partido Trabalhista. Outros, ditos socialistas, compagnons de route do repugnante Tony Blair, não diferem dos primeiros.
Eu não faço ideia de qual será o futuro eleitoral dos trabalhistas britânicos. O que sei, é que, de há muito, o socialismo europeu é uma mascarada sem honra nem brio ou coragem. São rendidos, quando não vendidos.  
Podemos e devemos ser pragmáticos em política; outra coisa é dizermo-nos uma coisa e agirmos como outra. Esse o embuste da social-democracia europeia, nódoa que, tranquilamente, espero que Corbyn contribua para limpar.

domingo, setembro 13, 2015

Ípsilon

«Deitada de través em cima do largo divã, os seus braços tomam de súbito a postura de dois ramos oblíquos, na quase pânica expectativa de sentir-se adorada. Devagar os vai depois estreitando, até que ficam inteiramente estirados para trás, mas já as pernas entretanto começaram a reproduzir, em posição inversa, o grafismo da mesma letra.»

David Mourão-Ferreira, Um Amor Feliz (1986)


sábado, setembro 12, 2015

anti-refugiados: a ralé ruminante

Que gente é esta? Uma pequena parte -- os seres que gravitam em torno do grupúsculo pnr -- são os ressentidos dos costume, uns tipos infelizes que não gostam de si nem dos outros, muitos deles criaturas pouco recomendáveis.
A maioria (ouvi hoje na rádio que nas "redes sociais" já trinta mil assinaram petições contra a vinda dos refugiados), a maioria, pois, são os analfabetos do costume, a ralé que rumina no pasto das televisões terceiromundistas, nos "casos" dos futebóis, no folhear quotidiano das revistas que mexericam as vidas de celebridades mais ou menos inanes, que não distinguem árabes de muçulmanos, muçulmanos de jiadistas. Pequenos egoístas miseráveis, em suma, incapazes de verem o drama do Outro, mas que se estivessem em situação idêntica... 
São só trinta mil em dez milhões. Não desesperemos dos portugueses.

sexta-feira, setembro 11, 2015

Os portugueses e os seus líderes políticos

O país real despreza Passos, odeia Portas, simpatiza com Jerónimo e Catarina Martins. Costa, o único que pode disputar as funções ao actual primeiro-ministro, surge-lhe como a derradeira esperança, a bóia de salvação. Hoje, isso é-me evidente.
Por mim, votarei no Livre.

50 discos: 9. OS AFRO SAMBAS (1966) #1 «Abertura»


o que se chama vida

«Tudo que se chamava a vida, feita de hábitos, de banalidades, de alegrias e de dissabores, de alguns afectos profundos, de muitos afectos ligeiros, dum ou doutro acto nobre, de tanto acto estouvado, de tanto dinheiro desbaratado e de tanta precisão de dinheiro, das injustiças com a mulher e dos arrependimentos, das discussões do Martinho, das noites do Maxim's ou da roleta do Estoril, das escapadelas com a Maria da Graça (inspecções à província em que a mulher fingia acreditar) -- tudo que se chamava vida, feita de tumulto, de fachada, de subterfúgios embora, mas que para ele findara no dia em que sobre o seu vulto amarfanhado se haviam fechado as portas daquela prisão.»

Joaquim Paço d'Arcos, Ana Paula (1938)

quinta-feira, setembro 10, 2015

THE BATTLE OF EVERMORE



ganhar o debate pela exposição do outro ao ridículo

1. Programa "Vem": candidaturas? zero; financiamento?: zero; jovens emigrantes que o programa "Vem" abrange? vinte.
2. A unidade de cuidados intensivos pronta há três anos num hospital do Litoral Alentejano fechada por falta de pessoal (Passos foi bom a arranjar oportunidades de emprego para os enfermeiros, no Reino Unido).
Hilariante.

bofetadas

«Um homem não pode contar à mulher que foi humilhado por um amigo num restaurante. Essas coisas só se contam quando é possível rematá-las acrescentando que depois se deu um par de bofetadas no amigo. E os homens que levam bofetadas nos restaurantes? Que contam eles às mulheres? Nada. Deve ser difícil ser casado. Todo o homem, mais tarde ou mais cedo, leva um par de bofetadas de que não pode falar à mulher e depois, cada vez que olha para ela, lembra-se das bofetadas que não foram contadas. Cada vez que olha para ela, leva outro par de bofetadas.»

Luís de Sttau Monteiro, Angústia para o Jantar (1961) 

quarta-feira, setembro 09, 2015

50 discos: 8. RUBBER SOUL (1965) #1 «Drive My Car»


sobre o debate de ontem

Portas a tentar incomodar Catarina Martins com a Grécia, truque que nenhum efeito surte no eleitorado do BE; a porta-voz a entalar Portas com os números, em especial a segurança social. Mas para além dos números, a questão política do comprometimento já assumido junto da Comissão Europeia, evidenciando o saco de palavras (boa expressão de António Costa) a que se resume o programa eleitoral da PaF. Catarina Martins, extraordinária; Portas, bebia água, metia água. 

terça-feira, setembro 08, 2015

50 discos: 7. CONCERTO FOR ORCHESTRA / THE MIRACULOUS MANDARIN /TWO PICTURES (1964-65) #1 «Introduzione. Andante non troppo» (Bartók)


o péssimo & o excelente

O grande crítico e historiador brasileiro Wilson Martins, saiu-se certa vez (1979) com esta fórmula extraordinária, a propósito dos romances de Jorge Amado (então a caminho dos 50 anos de vida literária): o escritor teria romances bons e romances maus; os maus eram péssimos, e os bons, excelentes.

[Lembra-me aquele saída do Marcelo Caetano arguindo uma dissertação em Direito: "a sua tese tem coisas boas e coisas originais: as boas não são originais, e as originais não são boas"]

Voltando a Wilson e a Jorge: eu terei lido cerca de dois terços, ou mais, da obra dele; creio que não passei os olhos por nenhuma ficção da década de setenta em diante, porque não calhou. Não me lembro de ter lido nada péssimo, sequer mau, nem O País do Carnaval (1931), tinha o seu autor dezanove anos; mas acredito que possa haver coisas mesmo más em tão longo período. 
Ao contrário, do excelente na sua obra: Mar Morto (1936), Terras do Sem Fim (1943), Gabriela, Cravo e Canela (1958), Tenda dos Milagres (1969).

Quem dera, ó deus, quem dera...   

não quero saber

Não quero saber quem é o pai do filho da Joana Amaral Dias. Também não quero saber quem é o filho do pai da Joana Amaral Dias. Aliás, eu nem sequer quero saber quem é a Joana Amaral Dias.

segunda-feira, setembro 07, 2015

50 discos: 6. MONEY JUNGLE (1962) #1 «Money Jungle»


além de génio e mau, o Camilo também era um gozão

«Se, por virtude da metempsycose, eu reapparecer na sociedade do seculo XXI, talvez me regosije de ver outra vez as lagrimas em moda nos braços da rehtorica, e esta 5.ª edição do Amor de Perdição quasi esgotada.»

Prefácio à 5.ª ed., 1879

quinta-feira, setembro 03, 2015

50 discos: 4. LITTLE GIRL BLUE (1958) #1 «Mood Indigo»


a selvajaria está para durar

Eu bem sei que isto não resolve nada, é puro voluntarismo. Quero lá saber. Partir os dentes àqueles pitecantropos  do islamismo high tech será sempre uma boa causa -- só não comparável à das Brigadas Internacionais na Guerra Civil de Espanha, porque o poder dos franquistas era muito superior aos destes erros da natureza do Estado Islâmico. Os brigadistas defrontavam o exército a sério; os voluntários opõem-se a bandos de poderio militar risível (mas com o suplemento motivacional da idiotia fanática), tendo beneficiado até agora da conjugação de cumplicidade, inoperância, incompetência, medo (consoante de quem se trate), permitindo-lhes espalhar destruição e morte em dois antigos estados do Médio Oriente.
Mas enquanto a farsa prossegue (umas ameixas largadas do céu será como matar moscas a tiro de bazooka), as famílias árabes e curdas da Síria e do Iraque vão sendo massacradas, vão morrendo nas praias do Mediterrâneo e o nosso património histórico e cultural comum destruído, nas nossas barbas e em face da nossa impotência e da nossa incredulidade. Por enquanto, isto está para durar, a não ser...

quarta-feira, setembro 02, 2015

50 discos: 3. AHMAD'S BLUES (1958) #1 «Ahmad's Blues»


sem nome

«Este hotel, com um ar um tanto desleixado, onde Egon Schiele ficou toda a noite com a sua irmã Gertrude, é claro que podia ser o mesmo onde Kafka uma vez, e só uma vez, se encontrou com Milena. O que se passou nessa noite, também não se sabe. Falaram, amaram-se, ou falaram e amaram-se ao mesmo tempo, sonhando com algo que não tinha nome ou já não tinha nome.» Jorge Listopad, «O encontro com Milena», no JL  de hoje.



DON'T LET IT BRING YOU DOWN



50 discos: 2. BIRTH OF THE COOL (1957) #1 «Move»