sexta-feira, maio 31, 2019

«Whole Lotta Shakin' Goin' On»

livros que me apetecem

Antologia de Poesia Portuguesa Erótica e Satírica, de Natália Correia (Ponto de Fuga)
Filho da Mãe, de Hugo Gonçalves (Companhia dos Livros)
Marcha para a Morte!, de Shigeru Mizuki (Devir)
O Exílio e o Reino, de Albert Camus (livros do Brasil)
Os Deuses Têm Sede, de Anatole France (Cavalo de Ferro)
Romanceiro Cigano, de Federico García Lorca (Quetzal)
Viragem aos Oitenta seguido de Viagem a uma Terra Antiga, de Henry Miller (Vasco Santos Editor)

quarta-feira, maio 29, 2019

«The Village Green Preservation Society»

à maneira do Xerife de Nottingham

A imagem de um homem a quem a Autoridade Tributária, com a colaboração da GNR, acabava de confiscar um atrelado,  levando um cavalo pelo cabresto na via pública, com uma criança atrás com outro animal, foi das coisas mais degradantes que vi o Estado perpetrar, tantas vezes caloteiro (basta lembrar a demora no pagamento aos fornecedores, as dívidas a particulares e a empresas, sempre tarde a más horas).
É fácil contrapor a parcimónia com a divulgação da lista dos grandes devedores à banca, no mesmo dia em que se revela que o mesmo Estado aí injectou nos últimos anos cerca de 24.000.000.000€ (vinte e quatro mil milhões de euros). É fácil, e é isso mesmo que deve ser feito, independentemente de haver 'grandes devedores' que o são porque a conjuntura económica assim impôs ou, na arraia-miúda, muito vígaro especializado em sacar e fugir -- a questão é de princípio, Não é este, porém, o ponto de que me apetece falar, mas antes a facilidade com que o Estado comete excessos de autoridade.
Tudo leva a crer que acção de ontem configura um abuso de poder, aliás inadmissível. Num país civicamente exigente e consciente, coisa que o nosso não é (não se passa impunemente da miséria de subsistência dos pais no Estado Novo para a indigência moral 5G dos filhos na UE), já teriam rolado todas as cabeças abaixo do Centeno, cujos agentes (os menos responsáveis) actuaram como sicários do Xerife de Nottingham.
O abuso de poder foi possível porque um dirigente qualquer das finanças quis mostrar serviço, contando para isso com a falta de discernimento de comandantes da GNR, cujas cabeças devem servir apenas para usar a boina; o abuso de poder foi travado porque, felizmente, vivemos numa sociedade democrática em que a imprensa é livre, convém nunca esquecer.

vozes da biblioteca

«Nas minhas mãos o violino alado percorre distâncias incalculáveis no sonho.» António Barahona, «Pássaro-Lyra», Pássaro-Lyra (2002)

«O outono é isto -- / apodrecer de um fruto / entre folhas esquecido.» Eugénio de Andrade, «Adagio», Primeiros Poemas (1977)

«Passividade suave e feiticeira / tentou-me, em tua boca mal pintada, / nos teus olhos azuis d'alucinada, / na estopa a rir da tua cabeleira.» Edmundo de Bettencourt, «Passividade», presença #1, 10-III-1927

terça-feira, maio 28, 2019

criador & criatura


Maurício de Sousa e Mônica


segunda-feira, maio 27, 2019

«O lenço da Carolina»

as eleições por cá

1. o desapontamento. Não tinha grandes ilusões sobre as possibilidades de êxito do Livre, embora alimentasse uma esperança mínima. O momento foi há cinco anos; agora será difícil, mas o projecto é interessante. Uma candidatura mobilizadora em Lisboa e noutras cidades grandes talvez possa ainda viabilizá-lo. Também lamento o insucesso do candidato do Aliança, mas só mesmo nestas eleições.

2. a indiferença. A vitória do PS, esperada (ouvir o cabeça de lista a falar na defesa da Natureza, depois de ter dado a cara pelo aeroporto em Alcochete, um atentado ambiental que a ser aprovado terá efeitos irreversíveis, deixou-me de sorriso amargo); a eleição do deputado do PAN: embora o reforço da ecologia seja importante, trata-se de um partido de fanáticos que têm nos despolitizados e nos patetas da humanização dos animais um pasto eleitoral inesgotável; a troca entre BE e CDU: bons candidatos, nada a dizer, o grupo a que pertencem, pela parte portuguesa ficou na mesma.

3. o contentamento. a derrota da falta de vergonha, especialmente do inenarrável cabeça de lista do PSD, péssima escolha do presidente do partido, como se viu pela campanha miserável; a derrota clamorosa do CDS, que chega a ser cómica. Talvez de manhã acorde e fique a saber que o CDS desceu para a casa dos cinco por cento, na companhia do PAN -- e não é essencialmente por culpa do cabeça de lista, já todos o conhecemos, mas antes daquela incrível líder. Nos dois casos, a derrota da política  dos casos e do mero oportunismo. Já agora, é também para rir o espetanço do candidato da cmtv e do inefável causídico de província. O povo foi sábio em ter ido para a praia, em vez de lhes dar o voto.  

sábado, maio 25, 2019

erotica


Alexey Tishevsky

orquestrais & concertantes: Debussy, O MAR (1905) - III. Diálogo do Vento e do Mar / Abbado

vozes da biblioteca

«Automaticamente os seus dedos nodosos iam enrolando novo cigarro, enquanto o ombro esquerdo procurava suporte no tronco rugoso dum sobreiro.» Ferreira de Castro, Emigrantes (1928)

«E como a corroborar as últimas palavras da mulher, um criado passou pelo convés agitando uma grande campainha: -- miniatura de sino dobrando tristeza: -- avisando aos estranhos que estavam a bordo, que deviam abandonar o navio, porque este ia partir.» Eduardo Frias e Ferreira de Castro, A Boca da Esfinge (1924)

«Já então um pouco obeso, mas empertigado por aquela volúpia do próprio mérito, que é sugestiva como um cartaz, -- principiava a usar o seu famoso chapéu preto de grandes abas, que implantava um pouco à banda, com audácia, sobre penungens dizimadas pela seborreia.» Tomás Ribeiro Colaço, A Calçada da Glória (1947)

Varoufakis apela a voto no LIVRE e em Rui Tavares

sexta-feira, maio 24, 2019

lido


quarta-feira, maio 22, 2019

vozes da biblioteca

«Olhava lá do alto daquele combro / a melodia, / tão merencória na infância, ata- / viada de fitinhas no chapéu de palha» António Barahona, Noite do Meu Inverno (2001)

«Ontem entrei numa baiuca infame, / Numa taberna de bandidos reles -- / Pois que eu desci às espirais misérrimas / Do Lameiro de Job!...»  in Herberto Helder, Edoi Lelia Doura -- Antologia das Vozes Comunicantes da Poesia Moderna Portuguesa (1985)

«Trago palavras como bofetadas / e é inútil mandarem-me calar / porque a minha canção não fica no papel.» Manuel Alegre, Praça da Canção (1965) 

Camões, grande Camões


Chico Buarque, Prémio Camões 2019


terça-feira, maio 21, 2019

«Gluttony»

em quem vou votar

Só ontem, com pena, vi um debate por inteiro, mas espreitei os outros e tenho apreciado a postura correcta e segura de Pedro Marques, ao contrário das chinelices do Rangel que provocam vergonha alheia. Se fosse de direita, votaria em Paulo de Almeida Sande, apesar daquela ficção partidária que o apoia; e gostei do Vasco Santos, o tipo sensacional do MAS, apesar de mas. Há outros candidatos interessantes, em vários partidos, mas eu quero mesmo é votar em Joacine Katar Moreira, com quem aliás, devo estar em desacordo em várias coisas, mas creio que não no essencial.

«Drinkin’ Wine Spo-Dee-O-Dee»

segunda-feira, maio 20, 2019

vozes da biblioteca

«Eram lagartos enormes e tinham o pescoço enrugado como o do velho e os mesmos olhos miúdos e misteriosos.» José Eduardo Agualusa, «Dos perigos do riso», Fronteiras Perdidas (1999) 

«No ritmo do mundo nasceu a Perfídia envolvida pela volúpia.» Ruben A., «Sonho de imaginação», Páginas I (1949) / Antologia (2009)

«Uma poeirada medonha... tudo absolutamente seco, até mesmo a nossa pele velha e encortiçada.» Henrique Abranches, «Diálogo do Tempo Morto», Diálogo (1962)

sábado, maio 18, 2019

para que fique

Não trocava o Bruegel de Salgado por toda a Colecção Berardo.

«The Musical Box»

sexta-feira, maio 17, 2019

quinta-feira, maio 16, 2019

vozes da biblioteca

«Cansado da mesquinhez das terras arrendadas, o pai trabalhava agora na mina de volfrâmio dos ingleses como carpinteiro-escorador.» José Marmelo e Silva, Adolescente Agrilhoado (1948)

«Lamenta não poder ver a escuridão, porque lhe cobrem a vista novelos de claridade absurdamente negros: novelos ou passadeiras de matéria luminosa que, do que supõe o tecto, descem, pesados, para o que supõe o chão.» João Gaspar Simões, Elói ou Romance numa Cabeça (1932)

«Uma cabeça pequenina, cabelo rapado e com o maxilar inferior tão largo e comprido que parecia impedi-lo de fechar completamente a boca.» Manuel da Fonseca, Cerromaior (1943)

quarta-feira, maio 15, 2019

50 discos: 11. CHEAP THRILLS (1968) - #7 «Ball And Chain»



vozes da biblioteca

«O corpo a corpo do espaço e da escultura» Sophia de Mello Breyner Andresen, «Roma», Musa (1994)

«Tombo de joelhos no ruído da madeira, espero a boca acossada mordendo a minha nuca.» Ana Marques Gastão, «nuca», Lápis Mínimo (2008) / Leya Poemas (2009)

«E a vida vai tecendo laços / Quase impossíveis de romper: / Tudo o que amamos são pedaços / Vivos do próprio ser.» Manuel Bandeira, A Cinza das Horas (1917) / Os Melhores Poemas de Manuel Bandeira (1984)

terça-feira, maio 14, 2019

segunda-feira, maio 13, 2019

«Mama»

vozes da biblioteca

«A gente que esperava começou a atravessar a rua pisando as faixas brancas pintadas na capa negra do asfalto, não há nada que menos se pareça com uma zebra, porém assim lhe chamam.» José Saramago, Ensaio sobre a Cegueira (1995)

«O vento, que é um pincha-no-crivo devasso e curioso, penetrou na camarata, bufou, deu um abanão.» Aquilino Ribeiro, A Casa Grande de Romarigães (1957)

«Súbito uma revoada de vozes escapou-se em surdina do âmago da igreja e derramou pelos claustros o clamor inquietante duma dolência arrastada.» Manuel Ribeiro, A Catedral (1920)

domingo, maio 12, 2019

sexta-feira, maio 10, 2019

livros que me apetecem

As Pessoas Felizes, de Agustina Bessa Luís (Relógio d'Água)
Ficções da Memória, de Alberto da Costa e Silva (IN-CM)
Hotel Silêncio, de Audur Ava Ólafsdóttir (Quetzal)
Obra Reunida, de Manuel de Lima (Ponto de Fuga)
Santos e Pecadores, de Graham Greene (Livros do Brasil)
Sophia de Mello Breyner Andresen, de Isabel Nery (A Esfera dos Livros)


no papo:
Banhos de Caldas e Águas Minerais, de Ramalho Ortigão (Quetzal)

vozes da biblioteca

«-- dentro do poço, com sua febre; dentro da horta, sem ter seu curso; na longa espera de sua demora / Pedro Venâncio selava o selo de ser intruso no vão comércio de seu disfarce.» Mário Chamie, «Pedro Venâncio», Antologia da Novíssima Poesia Brasileira (ed. Gramiro de Matos e Manuel de Seabra, s.d.).

«eram belas as túnicas de argel e as velhas botas espanholas que te / dera o último amante.» José Agostinho Baptista, Deste Lado Onde (1976)

«Nós, os preguiçosos, dados ao sonho / Incomportável de uma ferida / Nas sociedades de consumo, somos / Aqueles que se lembraram das canções / Perdidas na falência dos campos.» Rui Almeida, Muito, Menos (2016) 

quinta-feira, maio 09, 2019

quarta-feira, maio 08, 2019

a 'crise'

Quem não perceba peva de orçamentos e regimentos, como eu, que tenho assistido divertido ao desenrolar da crise, será útil assistir às entrevistas de Costa e Rio à tvi e tirar as suas próprias conclusões. Quem, a certa altura, me pareceu também divertido foi Jerónimo. Catarina Martins lembrou-me aqueles discos de histórias em 45 rpm que eu tinha em miúdo: falou em palco, e a actriz saiu de dentro dela. Já a Cristas de sábado tinha pânico naqueles olhos, e foi bem feito.

50 discos: 41. CAVALO DE PAU (1982) - #7 «Cavalo de Pau»



segunda-feira, maio 06, 2019

lido


«O ouro era o banco onde a mulher minhota depositava os seus lucros» (p. 6)


vozes da biblioteca

«O meu conto é amador de sangue azul; adora a aristocracia.» Álvaro do Carvalhal, Os Canibais (póst. 1868)

«Quando, há muitos anos, o Sr. Trocato me contou as razões por que não acreditava na história que corria sobre a morte do Dr. Júlio Fernandes da Silva e da mulher, eu não tive dúvida de que aquilo foi um crime porque me lembrei logo da minha tia Suzana.» António Alçada Baptista, Tia Suzana, Meu Amor (1989)

«Todos o conheciam naquele bairro populoso, onde famílias mais que remediadas em ganhos ou rendimentos haviam instalado os seus lares.» Assis Esperança, «O Senhor de Morgado-Martins», O Dilúvio (1932) 

sábado, maio 04, 2019

lido


«os mares de Homero deixaram / de trazer, esbeltas, as suas naves // em nome dos sem nome, continua. / [...]» (p. 71)



orquestrais & concertantes: Beethoven SINFONIA #2 (1802) III. Scherzo: Allegro -IV. Allegro molto / Bernstein

lido


«O inferno é frio.» (p. 103)

sexta-feira, maio 03, 2019

quarta-feira, maio 01, 2019