terça-feira, abril 29, 2014

estampa CLXXVI - James Ensor

Esqueletos num Estúdio (1900)
National Gallery of Canada, Ottawa

segunda-feira, abril 28, 2014

domingo, abril 27, 2014

Vasco Graça Moura

Portugal perdeu hoje um dos seus maiores. Como poeta, foi um dos mais significativos do seu tempo, cujo estro era suficientemente intenso para impedir que a cultura vasta e sólida afogasse a poética em eruditismo estéril. Será sempre um autor a ter em conta em qualquer antologia do tempo que lhe coube. Enquanto crítico e ensaísta, ombreia com os grandes, sendo também um respeitadíssimo camonista. Acresce uma contínua actividade de tradutor, aclamado pelas versões que realizou de Shakespeare e Dante, entre muitas outras.
Do maior relevo, dentre as muitas funções públicas que desempenhou, foram a direcção editorial exemplar da Imprensa Nacional-Casa da Moeda, e o brilho com que presidiu à Comissão Nacional para as Comemorações dos Descobrimentos Portugueses. Num e noutro lugar, o seu desempenho foi reconhecido e louvado por todos os quadrantes politico-ideológicos, e a acção que aí realizou deixou frutos, prolongando-se pelo tempo futuro. E foi, como se sabe, o mais combativo adversário do famigerado Acordo Ortográfico, contra o qual se bateu inteligente e denodadamente, sem que o tolhesse a pesada e desesperante inércia duma sociedade que passava tranquilamente ao largo das preocupações e dos interesses duma vida: a literatura e a história de Portugal. 

sexta-feira, abril 25, 2014

25.IV.1974


Salgueiro Maia, foto de Alfredo Cunha

quinta-feira, abril 24, 2014

quarta-feira, abril 23, 2014

bem escrito: "Honra lhes seja." (Helder Macedo)

«O 25 de Abril talvez tenha sido caso único de uma revolução militar em que os militares não quiseram o poder. Mesmo os que talvez tivessem querido foram impedidos por outros militares. Honra lhes seja."

Helder Macedo, «A queixa que tenho contra o corpo», JL #1136, 16.IV.2014

Fender vs. Gibson - Mark Knopfler e George Thorogood



terça-feira, abril 22, 2014

bem escrito: "como nunca houvera em Portugal." (Miguel Real)

«[...] as ondas de choque deste dia puro [25 de Abril de 1974] promoveram um estado geral de bem-estar e de prosperidade como nunca houvera em Portugal.»
Entretanto, mais quero conversar / Com brutos animais, que não com gente
Frei Agostinho da Cruz

segunda-feira, abril 21, 2014

bem escrito: "Entrámos exaustos no século XX" (Maria Isabel Barreno)

«Surgem os tiranos quando a autoestima dum povo é baixa. Tivemos uma difícil históri, ao longo de séculos: pesadas concorrências internacionais nos mares, perda e esforçada reconquista da independência, um destruidor terramoto, três invasões francesas devastadoras, um pagamento exorbitante aos nossos aliados ingleses, uma guerra civil. Entrámos exaustos no século XX.»
Maria Isabel Barreno, «A explosão da alegria», JL #1136, 16.IV.2014

glorioso SLB!

Sport Lisboa e Benfica, Campeão Nacional de futebol pela 33.ª vez

domingo, abril 20, 2014

bem escrito

«Portugal tem pouco tempo para não se tornar num sítio desprezível. No 25 de Abril, cortámos o nó górdio da Ditadura. Hoje, apesar de abundarem as vozes que defendem a escravatura como o único caminho, ainda há mulheres e homens em Portugal que sabem ser a liberdade mais valiosa do que uma vida desonrada. Ou fazemos um federalismo europeu para cidadãos europeus iguais. Ou, então, teremos que reclamar a soberania que nos foi usurpada.»

Viriato Soromenho Marques, «Refundar Abril -- Cortar o novo nó górdio», JL #1136, 16.IV.2014

sábado, abril 19, 2014

"25 de Abril vezes 40"

Ando a pescar coisas daqui. É um número para guardar, claro, com muitos bons textos. Três, pelo menos, são do domínio do excepcional: os de António Borges Coelho, Hélia Correia e Maria Isabel Barreno. Comprem-no.

bem escrito

«Lembrei-me do que tinha dito Garrett, depois da vitória da Revolução Liberal: os revolucionários que a tinham dirigido pareciam conservadores, os que pouco ou nada tinham feito arvoravam-se em mais liberais do que os liberais. Algo parecido estava a acontecer.»
Manuel Alegre, «A quinta dimensão», JL #1136, 16.IV.2014

bem escrito

«Nos começos dos anos 70 a nossa situação representa para muita gente um anacronismo histórico, ora um escândalo, ora as duas coisas ao mesmo tempo, tanto no plano interno como no externo. Para um certo número de portugueses, ávidos de liberdade e democracia, um enigma e um pesadelo de que não conseguiam sequer imaginar o improvável fim que, num relâmpago, a Revolução de Abril materializou.»

Eduardo Lourenço, «A Revolução revisitada», JL # 1136, 16.IV.2013.

bem escrito

«Sejamos francos. O momento político que vivemos hoje, fortemente empurrado pelos ventos internacionais, coroa, 40 anos depois, todos aqueles que no dia 25 de Abril de 1974 ficaram atrás das portas à espera que a barafunda dos cravos passasse.»

Lídia Jorge, «Lembrar o momento perfeito», JL #1136, 16.IV.2014

sexta-feira, abril 18, 2014

os caçadores da pré-história, vistos do século XVII (Manuel Severim de Faria)

«Dela [a caça] foi inventora, quasi a mesma natureza, porque vendo os homens em seus princípios o dano, que dos animais bravos recebiam, e achando-se juntamente faltos de mantimentos, e reparos, com que se sustentassem, e defendessem o corpo das injúrias do tempo, perseguiam os animais para sua segurança, sustentação, e vestido, como hoje fazem os mais dos habitadores do novo mundo [...]».

Manuel Severim de Faria, «Com que condições seja Louvável o Exercício da Caça.», Discursos Vários Políticos (1624).
em baixo: Tunga, um caçador e guerreiro da pré-história, criado por E. Aidans (tirado daqui).


Gabriel García Márquez (engrosso o pranto universal)

Quando morre um escritor que me deu um dos livros da minha vida (os Cem Anos de Solidão, pois claro), só me apetece ficar calado e não contribuir para o obituário em curso, virtualmente esmagador; quando ele me dá dois livros que serão sempre do melhor que li e lerei (junto O Amor nos Tempos de Cólera, evidentemente), é-me impossível não vir aqui dizer isso mesmo e engrossar o número dos que, quase nada dizendo, acabam, creio, por reflectir o triunfo de qualquer criador: o de deixar nos outros a marca da sua individualidade, porque a sua vida (a minha vida) nunca mais foi (e será) a mesma a partir do momento em que se cruzaram. 

sábado, abril 12, 2014

estampa CLXXV - Paul Gauguin

Contos Bárbaros (1902)
Museum Folkwang, Essen

quinta-feira, abril 10, 2014

criador & criatura(s)

 Alain Saint-Ogan e Zig e Puce (& Alfred)

segunda-feira, abril 07, 2014

E de que vale a poesia se não estiver viva?
Rodrigo Tomé

Sócrates: tirinhos a José Rodrigues dos Santos, seguidos de uma bazookada; ou o Telejornal de Domingo transformado em Cabaré da Coxa

Mais uma vez, JRS foi o bombo da festa de Sócrates: levou em cima 50 cargas de artilharia a propósito dos seu "arquivos"; e foi, de facto, insultado em directo por Sócrates, que, indirectamente, lhe chamou estúpido.
Como não há vergonha, e se o registo não mudar, o programa -- que JRS estragou -- terminará com este exangue. Pessoalmente, não me importa nada ver Santos a cozer quinzenalmente; mas, enquanto telespectador da televisão pública, sinto-me desrespeitado. A mim interessa-me ouvir a opinião de José Sócrates (é assim que se chama o programa, não é?), e não um combate de boxe desigual entre um peso pesado e uma pluma. Pode divertir, mas se eu quisesse ver um tipo impreparado a levar estalos na carinha, mudava para um desses canais patetas do cabo.

domingo, abril 06, 2014

bem escrito

«Arrastamo-nos pelos escritórios muito mais horas do que os holandeses e, no entanto, estamos na sub-cave da produtividade europeia.»

Inês Pedrosa, «O país da adolescência», Sol #396, 4.IV.2014

sábado, abril 05, 2014

estampa CLXXIV - Bronzino

Retrato de Bia de' Medici, c. 1545
Está em Florença, nos Uffizi

quarta-feira, abril 02, 2014

criador & criatura


Harold Gray, «Little Orphan Annie»

terça-feira, abril 01, 2014

Jacques Le Goff

Quando estudei História Medieval, os nossos heróis vivos eram José Mattoso e Jacques Le Goff, que morreu hoje. Eles e outros deram colorido à historiografia sócio-económica, o golpe de asa da pesquisa das mentalidades, do simbólico, do antropológico. E perceberam que as gerações imediatamente anteriores, ao menosprezarem a história política, cultural e individual, bête noire  dos Annales, haviam deitado fora o bebé com a água do banho.