segunda-feira, março 31, 2008

estampa CXXXI

Edvard Munch, Noite de Verão (Inger à Beira-Mar)
Colecção Rasmus Meyer, Bergen

Figuras de estilo - Almeida Garrett

O homem -- não o homem que Deus fez, mas o homem que a sociedade tem contrafeito, apertando e forçando em seus moldes de ferro aquela pasta de limo que no paraíso terreal se afeiçoara à imagem da divindade --, o homem, assim aleijado como nós o conhecemos, é o animal mais absurdo, o mais disparatado e incongruente que habita na Terra.


Viagens na Minha Terra

O Vale do Riff - Paul Robeson, «Ma Curly-Headed Baby»

domingo, março 30, 2008

Paul Robeson

esta semana n'O Vale do Riff

alguns amigos do Tibete

Por ocasião da recente visita do Dalai Lama a Portugal, deparei-me com um argumento extraordinário, aduzido por algumas pessoas que pretenderam justificar o aflito jogo de escondidas das nossas autoridades perante o líder espiritual dos tibetanos e chefe de Estado no exílio: a de que o Tibete, à data da invasão chinesa era uma teocracia, um estado "feudal" em que o povo pobre sustentava uma classe sacerdotal ociosa. Esse argumento fez-se agora ouvir de novo, a propósito dos acontecimentos em Lhassa. E, muito curiosamente, muitas dessas vozes vinham da "esquerda".
«Então e depois?», pergunto eu, sabendo que de facto assim era, que o progresso material introduzido pela China é indesmentível, provavelmente superior até àquele que Suharto promoveu em Timor-Leste, à custa do extermínio de um terço da população.
Dizer que o actual Dalai Lama era um jovem soberano confinado ao Palácio do Potala, com meios rudimentares para se aperceber do mundo em que vivia e sem o altíssimo brilho de estadista que hoje detém, nem sequer é argumento. O princípio essencial aqui é o da autodeterminação dos povos, este é o velho princípio que política e eticamente deve contar. O que me parece inaceitável naquele argumento perverso é o de que o desenvolvimento dos povos possa ser feito contra esses mesmos povos.
Por outro lado, alguns dos que adoptam esse ponto de vista indulgente para com os chineses, estiveram -- e muito bem -- contra a ocupação de Timor. Mais: estiveram contra Salazar e Caetano na guerra colonial, injusta, imoral e pérfida... Para esses, portanto, libertação dos povos só quando convém ou se encaixa na percepção formatada da realidade. É o caso das risíveis declarações justificadoras de Jerónimo de Sousa -- aliás, personagem com a qual simpatizo --, muito preocupado com as dificuldades levantadas à China e aos seus Jogos Olímpicos, e logo numa sessão de denúncia da criminosa guerra do Iraque. Curioso caso de indignação à medida das conveniências... O que Jerónimo não diz, porque não quer, é que os tibetanos aproveitam os holofotes da mediatização para se livrarem do jugo chinês, jugo esse que lhes trouxe muitas estradas, muitos automóveis, muitos benefícios do progresso, mas sob a pata opressora do ocupante.
Haverá luta mais legítima?

acordes diurnos

sábado, março 29, 2008

capismo

capa de Roberto Nobre para o seu livro Horizontes de Cinema
Guimarães & C.ª-Editores, Lisboa, 1939

Antologia Improvável #296 - Ruy Belo (4)

OH AS CASAS AS CASAS AS CASAS

Oh as casas as casas as casas
as casas nascem vivem e morrem
Enquanto vivas distinguem-se umas das outras
distinguem-se designadamente pelo cheiro
variam até de sala pra sala
As casas que eu fazia em pequeno
onde estarei eu hoje em pequeno?
Onde estarei aliás eu dos versos daqui a pouco?
Terei eu casa onde reter tudo isto
ou serei sempre somente esta instabilidade?
As casas essas parecem estáveis
mas são tão frágeis as pobres casas
Oh as casas as casas as casas
mudas testemunhas da vida
elas morrem não só ao ser demolidas
elas morrem com a morte das pessoas
As casas de fora olham-nos pelas janelas
Não sabem nada de casas os construtores
os senhorios os procuradores
Os ricos vivem nos seus palácios
mas a casa dos pobres é todo o mundo
os pobres sim têm o conhecimento das casas
os pobres esses conhecem tudo
Eu amei as casas os recantos das casas
Visitei casas apalpei casas
Só as casas explicam que exista
uma palavra como intimidade
Sem casas não haveria ruas
as ruas onde passamos pelos outros
mas passamos principalmente por nós
Na casa nasci e hei-de morrer
na casa sofri convivi amei
na casa atravessei as estações
respirei -- ó vida simples problema de respiração
Oh as casas as casas as casas

Homem de Palavra[s] / Obra Poética I
Houses live and die: there is a time for building / And a time for living and for generation / And a time for the wind to break the loosened pane
T. S. Eliot

quinta-feira, março 27, 2008

acordes nocturnos

caderninho



As nossas virtudes não são mais, na maior parte das vezes, que vícios mascarados. La Rochefoucauld
Máximas (tradução de Cristina Proença)

O Vale do Riff - Led Zeppelin, «Black Dog»

quarta-feira, março 26, 2008

Figuras de estilo - Antunes da Silva

Sentam-se no largo dos montes, à sombra dos chaparros, ou junto das raízes duras dos choupos que vivem ao pé dos ribeiros avaros de água e aí esperam a audácia de um acontecimento qualquer que os salve da miséria da fome e lhes dê a fortuna da vida. Anseiam sorver o ar às guinadas, numa alucinaçaõa de pré-asfixiados, mas o ar está escondido, adivinha-se embaciado, prisioneiro dos cinco pontos cardeais, porque é o suão que passa, assustando as aldeias, bélico, o vento do deserto, envenenado e impuro.
Suão

O Vale do Riff - Benny Carter (feat. Red Norvo, Horace Parlan, et alli), «On The Sunny Side Of The Street»

acordes diurnos

terça-feira, março 25, 2008

o teu retrato transita de solidão em solidão / é como uma corda abandonada no interior de um barco / que serve a tripulação quando encalha
M. Parissy

3

Ia-me esquecendo, isto hoje faz três anos...

O Vale do Riff - Charlie Parker (feat. Buddy Rich), «Celerity (Celebrity)»

acordes diurnos

segunda-feira, março 24, 2008

acordes nocturnos

Antologia Improvável #295 - Jorge de Sena (5)

O DESEJADO TÚMULO

Numa azinhaga escura de arrabalde
haveis de sepultar-me. Que o meu túmulo
seja o lugar escuso para encontros.
Que o jovem desesperado e solitário
vagueando venha masturbar-se ali;
que o namorado sem um quarto aonde
leve ao castigo a namorada, a traga
e a force e a viole sobre a minha tumba;
que o invertido venha ajoelhar-se
à beira dela ante quem esperma vende,
ou deite abaixo as calças e se entregue,
as mãos buscando apoio nessa pedra.
Que bandos de malandros ali tragam
a rapariga que raptaram, e
a deixem lá estendida a escorrer sangue.
Que as prostitutas reles, piolhosas,
na laje pinguem corrimentos quando
a pobres velhos se venderam lá.
E que as crianças que brincando venham
jogar à minha volta, sem pisar nos cantos
a trampa mais cheirosa do que a morte
e que é memória humana de azinhagas,
ali descubram, mal adivinhando,
as nódoas secas do que foi violência,
ou foi desejo ou o que se chama vício
e as lavem rindo com seu mijo quente
a rechinar na pedra que me cobre
(e regressem um dia a repeti-las).

25/12/1970

Visão Perpétua

O Vale do Riff - Bob Marley, «I Shot The Sheriff»

domingo, março 23, 2008

sábado, março 22, 2008

caderninho



Até mesmo o mais corajoso dentre nós poucas vezes tem a coragem de enfrentar o que realmente sabe... Friedrich Nietzsche
Crepúsculo dos Ídolos (tradução de Artur Morão)

acordes diurnos

imagem daqui

acordes nocturnos

sexta-feira, março 21, 2008

estampa CXXX

David Allan, Casamento das Highlands em Blair Atholl
Galeria Nacional da Escócia, Edimburgo

Caracteres móveis - Octavio Paz

Confesso que, com o passar dos anos, vejo com mais simpatia a revolta que a revolução. A primeira é um levantamento espontâneo e quase invariavelmente legítimo contra um poder injusto. O culto da revolução é uma das expressões da desmesura de hoje -- desmesura que é, no fundo, um acto de compensação de uma fraqueza intrínseca e uma carência. Procuramos na revolução o que os nossos antepassados procuravam na religião: a salvação, o paraíso. A nossa época derrubou os deuses e os anjos do céu, mas herdou do cristianismo a antiquíssima promessa de mudar a humanidade. Essa transformação, tal como antigamente a graça, tornaria outros os homens e as mulheres.


Uma Terra, Quatro ou Cinco Mundos
(tradução de Wanda Ramos)
foto

O Vale do Riff - Styx, «Snowblind»

Tome & Janry,
O Pequeno Spirou -- Diz Bom Dia à Senhora!

quarta-feira, março 19, 2008

Jaap de Hoop


O secretário-geral da Nato tem nome de montanha russa.

suspiro

se todo o Vale do Riff fosse como o de hoje ou o do último lá debaixo...

O Vale do Riff - Jethro Tull, «My God»

terça-feira, março 18, 2008

caderninho


À morte não a ouvimos, porque já na intimidade da casa anda de chinelos. Ramón Gómez de la Serna
Greguerías (tradução de Jorge Silva Melo)

O Vale do Riff - Dave Holland, «Goodbye Pork Pie Hat»

SOMOS TODOS TIBETANOS


segunda-feira, março 17, 2008

Caracteres móveis - Henrique Barrilaro Ruas

A distância que vai do profano ao sagrado é a que separa a República da Monarquia. Não é isto confundir o que é de César com o que é de Deus, mas é reconhecer que a Realeza insere um elemento do sagrado na massa do profano.



O Drama de um Rei

foto

O Vale do Riff - Thelonious Monk, feat. Charlie Rouse, «'Round Midnight»

domingo, março 16, 2008

Monk

Thelonious Monk, esta semana n'O Vale do Riff

Antologia Improvável #293 - Ruy Belo (3)

ALEGRIA SEM NOME

É uma leve breve voz
à superfície do dia
Ouvi-la lembra países
Ei-la que vem nupcial
sobre o grande rumor do mar
Não mancha o pensamento a paisagem
Nada comove
as águas paradas da manhã:
silvos caracóis canas e vimes
Vejo-a morrer nos pauis
onde inauguro gestos esquecidos
Alegria sem nome lhe chamo
e não conheço para ela nenhum outro nome


Aquele Grande Rio Eufrates / Obra Poética I

sábado, março 15, 2008

Se eu fosse...

Quis a T saber, e eu respondo-lhe.

Se eu fosse um mês, seria Junho.
Se eu fosse um dia da semana, «a minha pátria é o sábado» (Fernando Grade).
Se eu fosse um número, seria o 2.
Se eu fosse uma flor, seria um cravo vermelho do 25 de Abril de 1974.
Se eu fosse uma direcção, «eu, comovido a oeste» (Vitorino Nemésio)
Se eu fosse um móvel, seria uma estante com livros ou discos.
Se eu fosse um líquido, seria Carcavelos.
Se eu fosse um pecado, seria a preguiça.
Se eu fosse uma pedra, seria um fóssil.
Se eu fosse um metal, seria Cobre.
Se eu fosse uma árvore, seria um pinheiro bravo.
Se eu fosse uma fruta, seria uma pêra.
Se eu fosse um clima, seria temperado.
Se eu fosse um instrumento musical, seria um violoncelo.
Se eu fosse um elemento, seria terra.
Se eu fosse uma cor, seria azul.
Se eu fosse um animal, seria um golfinho.
Se eu fosse um som, seria um pigarro.
Se eu fosse uma canção, neste momento seria «Abandono» (Amália, David Mourão-Ferreira, Alain Oulman).
Se eu fosse um perfume, seria o Insensatez.
Se eu fosse um sentimento, seria um alheamento.
Se eu fosse comida, seria um bife do lombo com batatas fritas.
Se eu fosse uma palavra, seria uma uma interjeição, entre o ah! e o ah! ah! ah!
Se eu fosse um verbo, seria estar.
Se eu fosse um objecto, seria um MG clássico.
Se eu fosse uma peça de roupa, seria um cachecol.
Se eu fosse uma parte do corpo, seria uma trompa de eustáquio.
Se eu fosse uma expressão, ça serait un calvados...
Se eu fosse um desenho animado, seria o Pato Donald.
Se eu fosse um filme, neste momento seria o Fanny e Alexandre, do Ingmar Bergman.
Se eu fosse uma forma, seria rotunda.
Se eu fosse uma estação, seria o Outono.
Se eu fosse uma frase, neste momento seria «Nenhum de nós é um só homem» (Ferreira de Castro).

acordes nocturnos


sexta-feira, março 14, 2008

Não sou indigno de ti, basta saudar-te para o não ser...
Álvaro de Campos

quinta-feira, março 13, 2008

caderninho



Escrever um livro é praticar um ofício, tanto como fazer um relógio: não basta o espírito para ser autor. La Bruyère
Os Caracteres (tradução de João de Barros)

Um século fantástico

Ainda a propósito da morte de Joel Serrão, dei-me conta, ao ler o último JL, de que ainda estão vivos e activos, dois dos maiores espíritos da moderna cultura portuguesa: Vitorino Magalhães Godinho e Eduardo Lourenço, últimos abencerragens dum século que já passou. Um século fantástico.

quarta-feira, março 12, 2008

capismo

capa de Bernardo Marques para a «Pequena Antologia de Obras Primas Mosaico»
Mimi Pinson, de Alfred Musset
Edição de Fomento de Publicações, Lisboa, s.d.

os meus problemas

Alguém me explica porque raio não vai o Benfica buscar o Humberto Coelho?

acordes nocturnos

terça-feira, março 11, 2008

Caracteres móveis - Mario Benedetti

DESNUDECES


Desnuda una mujer vale la pena
cuando la contemplamos a distancia
porque después / si estamos sobre ella
sólo la vemos con la boca ansiosa


una mujer desnuda es un silencio
que no admite pudor ni violaciones
un silencio a menudo tembloroso
de tanto amor y tanta profecía


una mujer desnuda tiene normas
puede dejarse amar con toda el alma
con todo el cuerpo a veces / pero nunca
con el arte de besos fariseos



El Mundo que Respiro / Inventario Tres
(foto daqui)

segunda-feira, março 10, 2008

Antologia Improvável #292 - Sophia de Mello Breyner Andresen (4)

ONDAS

Onde -- ondas -- mais belos cavalos
Do que estes ondas que vós sois
Onde mais bela curva do pescoço
Onde mais longas crinas sacudidas
Ou impetuoso arfar no mar imenso
Onde tão ébrio amor em vasta praia

Dezembro 89


Musa

domingo, março 09, 2008

sábado, março 08, 2008

O Vale do Riff - Jethro Tull, «We Five Kings»


The Jethro Tull Christmas Album (2003), originais e versões, como esta, excelente, de «We Three Kings Of Orient», do Reverendo John Henry Hopkins. Festival de Jazz de Lugano, Julho de 2005. (1.ª postagem: 21-XII-2007)




sexta-feira, março 07, 2008

Joel Serrão



Joel Serrão, que morreu ontem, era um dos maiores historiadores portugueses da segunda metade do século XX -- período aliás riquíssimo da historiografia nacional: Vitorino Magalhães Godinho, António José Saraiva, Jorge Borges de Macedo, Joaquim Veríssimo Serrão, Oliveira Marques, José-Augusto França, António Borges Coelho, José Mattoso, só para falar em alguns dos grandes. O seu Dicionário de História de Portugal é mesmo um dos dois pilares do que neste campo se fez em Portugal na centúria passada (o outro é a famosa "História de Barcelos", a História de Portugal dirigida por Damião Peres).
Se o Dicionário seria suficiente para creditar o seu nome como um dos maiores historiógrafos do seu tempo, a obra vasta que deixou mais não faz do que fixá-lo como um dos mais notáveis de todas as épocas. Recordo a relação de fontes de história contemporânea, que publicou com Miriam Halpern Pereira, trabalho de sapa, tão ingrato quão necessário; os notáveis temas oitocentistas, sobressaindo um forte pendor ensaístico -- dos estudos sobre a experiência oitocentista do tédio às reflexões sobre a noite natural e a noite técnica, os estudos sobre emigração, as magníficas abordagens à obra de escritores como Cesário, Antero, Bruno, Pessoa, Eça... (O Primeiro Fradique Mendes é um título absolutamente referencial, pela argúcia crítica e informação erudita, na selva da bibliografia queirosiana.) E muito mais, que nem sei nem caberia aqui se o soubera
Além do mais, era o meu historiador preferido.

O Vale do Riff - Jethro tull, «Velvet Green»


Songs From The Wood (1977), o primeiro encontro com os Tull, um dos meus álbuns preferidos. Continuamos no programa de John Peel, desse mesmo ano. Acho que Anderson nunca cantou tão bem. A vodca terá ajudado. (1.ª postagem: 9-II-2007)




quinta-feira, março 06, 2008

Antologia Improvável #291 - António Quadros

POÉTICA CONTRADITÓRIA

Não digas o que sabes nos teus versos,
Deixa para trás a ciência e a consciência;
Tudo aquilo que em ti não for ausência
São ideais perdidos, ou submersos.

Abandona-te às vozes que não ouves,
E liberta os teus deuses nos teus medos;
Não busques os sorrisos, mas os medos,
E o que não ignoto e só, não louves.

Ser misterioso e triste, é ser poeta:
Mesmo a luz que palpita nos teus cantos.
É uma imagem heróica dos teus prantos.

Percorre o teu caminho até ao fundo,
E com os versos que achaste aumenta o mundo.
Não sejas um escritor, mas um profeta.


Viagem Desconhecida /
/ Caminhos da Moderna Poesia Portuguesa
(edição de Ana Hatherly)

O Vale do Riff - Jethro Tull, «Skating Away On The Thin Ice Of A New Day»




De War Child (1974), uma toada folk. Os músicos são eclécticos: Barlow, baterista, no xilofone -- enfim, é um instrumento de percussão, não sai da família; ao contrário de Barre, guitarrista, e Evans, que do acordeão passa para a bateria. Ao vivo no Golders Green Hippodrome, em Londres (1977), apresentados por John Peel. (1.ª postagem: 7-XI-2006).

quarta-feira, março 05, 2008

caderninho

Algumas vezes tenho ouvido da boca de pessoas que estimo e considero palavras agradáveis ao meu orgulho. Deleita-me ouvi-las. Mas estou em jurar que, se elas mas recusassem, o prazer que isso me daria não seria menos profundo, nem menos agudo do que o que me concedem -- dispensando-mas. A sensação de que se é vítima de uma grande injustiça é uma forte doce volúpia. Bourbon e Meneses
Novos Solilóqios Espirituais

O Vale do Riff - Jethro Tull, «Wond'ring Aloud»




Também de Aqualung (1971), uma "quase canção de amor" do menestrel Anderson ,em Tampa, Florida, 31 de Julho de 1976. (1.ª postagem: 6/VI/2007)

estampa CXXIX

Gregório Lopes (?), retrato de Vasco da Gama (?)
Museu Nacional de Arte Antiga, Lisboa

terça-feira, março 04, 2008

respeito

O país não se dá ao respeito. Batemos no fundo quando o Estado não assume as suas responsabilidades. Uma ponte caiu, morreram pessoas. Um país decente indemniza as vítimas e depois tenta apurar responsabilidades. Se fôssemos um país decente. Como não o somos, alguns dos nossos concidadãos, os familiares das vítimas da tragédia de Entre-os-Rios, dão ao Estado e a todos nós uma verdadeira bofetada. O país não se dá ao respeito. Eles sim.

Caracteres móveis - Emilio Salgari

Via-se que o Corsário Negro não renunciara a todas as comodidades.
As paredes da câmara estavam forradas de seda azul bordada a ouro e adornadas de grandes espelhos de Veneza; o pavimento ocultava-se sob um macio tapete oriental, e as amplas janelas que davam para o mar eram resguardadas por leves cortinas de cassa.
Aos cantos havia quatro prateleiras cheias de baixelas de prata, no meio, uma luxuosa mesa preparada e coberta com uma rica toalha de Flandres, e à volta cómodas cadeiras estofadas de veludo azul, com ornatos de metal.
Dois grandes e artísticos candelabros de prata iluminavam a saleta, fazendo cintilar os espelhos e um feixe de armas cruzadas sobre a porta.


O Corsário Negro
(tradução de A. Duarte de Almeida)

O Vale do Riff - Jethro Tull, «Aqualung»

Taa-tatatata-taa, riff de bronze das crónicas do rock, de Aqualung (1971). A actuação é de 77, com um line up de referência: Ian Anderson (voz e guitarra acústica), Martin Barre (guitarra), John Evan e David Palmer (teclas), o malogrado John Glascock (baixo) e o incrível Barriemore Barlow (bateria). (1.ª postagem: 3-X-2006).


segunda-feira, março 03, 2008

acordes nocturnos

O Vale do Riff - Jethro Tull, «A Song For Jeffrey»

Do primeiro álbum, This Was, de 1969, os Jethro Tull na sua faceta inaugural de banda rythm & blues. A formação foi variando até hoje. Martin Barre, guitarrista histórico, ainda não aparece. Aqui um outro, de recurso, que viria a fulgurar com os Black Sabbath: Tony Iommi. Ian Anderson, o mentor, figura impressionante, verdadeiro leprechaun. Os Tull são ele. Mick Jagger apresenta. (1.ª postagem: 13 de Setembro de 2006).

leprechaun

domingo, março 02, 2008

Nada na minha poesia é meu / juro por Deus dizer toda a verdade
Ruy Belo

Jethro Tull

O Céu, esta semana n'O Vale do Riff: só Jethro Tull e quase 40 anos de Ian Anderson para comparar.

hype, hype...

The Builders And The Butchers, Black Dresses