segunda-feira, janeiro 31, 2022

playlist: «What I Heard on the Pop Radio»

"empate técnico" e outras anormalias

 E o empate técnico que nos foi vendido pelas empresas de sondagens, trandformou-se numa maioria absoluta do PS e uma derrota ridícula de Rui Rio.

Apesar das boas palavras de António Costa, os ameaçados pelas minas de extracção do lítio, cujos contratos já foram assinados, os cobertores de painéis fotovoltaicos detidos por fundos de investimento, as negociatas com a ana e o aeroporto no estuário do Tejo com aviões a passar por cima da cabeça das pessoas, e o mais que se verá -- as populações ameaçadas pela cupidez e a arrogância têm boas razões para preocupação, e com pouco mais podem contar do que consigo próprias.

Ou outros vencedores da noite: Chega! IL, Livre: vitórias que não servem para nada, a não ser apara a venda de banha da cobra de Ventura e Cotrim de Figueiredo. Tavares está em boas condições para fazer umas flores, se António Costa lhe achar graça.

O BE remetido a uma quase insignificância, que é onde devem estar estes demagogos. Não aprenderam nada, como se viu pela repetição do estúpido slogan  (estúpido, nestas circunstâncias, claro) do "não passarão". Passaram os últimos dois anos a promover o Chega, está aí o resultado.

A CDU desfaz-se -- é bom que uma fraude política como o PEV desapareça. O PCP com o destino traçado de pequeno partido. Tenho pena. Vai radicalizar a luta, mas o sua influência é cada vez menor. E a estratégia foi suicidária. Aliás, deveria ter ido para o governo logo na primeira geringonça, em vez de vir queixar-se de que o PS lhe roubou as conquistas.

O PAN, mantém Inês Sousa Real, torpedeada eficazmente pela CAP; mas um deputado é bom para um lobo com pele de cordeiro, que nos quer obrigar a comer saladas.

Esta do lobo foi de Francisco Rodrigues dos Santos, cuja qualidade e humor merecia mais. A tralha portista levou a melhor. Este país é uma anomalia política: durante cinquenta anos não teve um partido liberal; ao fim de cinquenta anos desaparece do parlamento um partido conservador. Mais que uma anomalia, uma anormalia.   

domingo, janeiro 30, 2022

playlist: «Suicide»

versos do dia

 «Sonhei com um general de ombros largos que fedia / e que no sonho me apontava a poesia / enquanto um pássaro pensava suas penas / e já sem resistência resistia.»

Antonio Carlos de Brito / Cacaso, «Grupo Escolar»

sábado, janeiro 29, 2022

playlist: «Perfume»

a crise da Ucrânia lida por quem sabe


Não são só os telejornais que são uma miséria, uma caixa de ressonância da propaganda mais indigente feita para o cidadão desinformado, que papa tudo o que lhe dão; isto envergonha também os responsáveis políticos que, muitas vezes com meias palavras, são instrumentos conscientes dessa mesma propaganda e agentes de mentira. Merecem algum respeito? Nenhum.

Ainda estou para perceber o papel dos dirigentes europeus, como a presidente da comissão, Ursula von der Leyen ou do Parlamento Europeu. Se são ineptos, espessamente ignorantes ou se trabalham para os americanos, e também contra os interesses europeus. E Augusto Santos Silva a fazer-se de choninhas após as reuniões da Nato?

Não vai haver guerra nenhuma, acredito -- até porque os americanos da última vez que ouvi o Blinken, que é o coach do Santos Silva, do Stoltenberg e doutros, começaram a baixar a bola, dizendo que os EUA acolhiam as "preocupações" russas. Pois, o Putin não brinca; a Ucrânia aqui é um mero território onde os outros se disputam.

versos do dia

[...] 

«por amor de ti traguei milhas de mar / em naufrágios de tantas travessias / -- está a sede ainda por matar.» 

Cristóvão de Aguiar, Sonetos de Amor Ilhéu (1992)

quinta-feira, janeiro 27, 2022

«Hard Headed Woman»

o meu palpite para as eleições de Domingo

 Antes da sondagem da Católica, em ordem decrescente pelo número de mandatos de deputados eleitos:

1- PS / PSD

3- CDU / Chega!

5- BE

6- IL

7- CDS / PAN

9. Livre

10. Volt Portugal

11. MAS

12. PCTP/MRPP

Ponho o Livre em dúvida; quanto ao Volt Portugal (partido arejado), e MAS, candidata surpreendente, não ficaria totalmente surpreendido se conseguissem elegerr. Na madrugada de Segunda-feira ver-se-á.

«Leitor de BD»


 

Os Quarentugas, de André Oliveira e Pedro Carvalho;

Hoje Não, de Ana Margarida Matos

(aqui)

versos do dia

 [...]

«mestre da alegria // até o lobo / louva / São / Francisco»

Ana Hatherly, «A São Francisco, o São Santo»

quarta-feira, janeiro 26, 2022

«Mambo Cósmico»

no domingo vou votar no CDS

 A perseguição de um secretário de estado a duas crianças e à sua família devido à questiúncula da chamada de educação cívica ultrapassou todos os limites da decência, perante a passividade do PM.

Voto no CDS, que assume o compromisso de acabar com esta miséria. Mas se há muito que me separa dos democratas-cristãos e conservadores (eutanásia, privatização da TAP -- um disparate, um partido que se diz de direita alienar um instrumento de soberania --, ou o cheque-ensino, havendo oferta de ensino público -- há também muito que me aproxima, que é o chão comum do demoliberalismo cuja extrema-direita é a IL, os nossos Chicago boys -- e a sua extrema esquerda, a esquerda do PS, onde poderia estar o Livre, se este não estivesse dominado pelo wokismo -- Rui Tavares é, aliás, um dos campeões desse vírus da inteligência.

Mas aproveito o ensejo para não dar apenas um cunho de resistência ao meu voto e afirmá-lo pela positiva, que será a eleição de José Ribeiro e Castro como deputado, um político que pensa pela sua cabeça e autor de um interessante projecto de reforma do sistema eleitoral, que contempla a eleição unipessoal de deputados sem prejudicar a proporcionalidade e a representação dos pequenos partidos na Assembleia da República.

E ainda, se bem que não seja o único (creio que o PCP e o PSD) têm também algo nesse sentido, irá reverter, assim o espero, o Aborto Ortográfico de 1990 -- pelas justas razões de se tratar de uma nódoa em todos os sentidos -- uma das mais grotescas, a substituição de recepção  por receção... -- e não por qualquer chauvinismo primário simetricamente oposto aos provincianos que o fizeram aprovar há trinta e dois anos. 

Eu sei que para a maioria se trata de miudezas, ou sequer lhes atravessa a mona. Pois fiquem-se lá com as mercearias, e façam bom proveito.

versos do dia

«Não tenho graves defeitos / nem tão-pouco grandes qualidades.» 

[...] 

Pedro Tamen, Guião de Caronte (1997)

playlist: «Love Comes In Waves»

terça-feira, janeiro 25, 2022

a nulidade do Borrell diz que a Europa está em perigo

 ah, pois está. Em perigo não apenas por poder ser palco das consequências da resposta russa à predação americana (com várias cumplicidades dentro da UE, além do bulldog inglês que vai à frente a fazer o trabalho sujo). mas a Europa está realmente em perigo quando permite que destruam um homem, precisamente o que revelou as patifarias que constam dos WikiLeaks, e a quem o mundo livre tem muito de agradecer.

A Europa está em perigo quando tortura assim um homem, está em perigo quando nega aos povos o direito de autodeterminação como na Catalunha, com exilados políticos no seu seio, e enquanto tiver à frente criaturas como o Borrell, entre outras.



Tal como aconteceu com a prisão do Lula, por outro tipo de patifes, o Assange vai passar a constar da barra lateral, neste noutros blogues.


três razões simples pelas quais este governo não merece confiança: a arrogância, a contaminação pelo politicamente correcto, a subserviência aos Estados Unidos

Embora reconhecendo o esforço no combate à pandemia, em que dificilmente outro faria melhor, o que não é de somenos, há três grandes razões para pôr este governo na rua

1- As decisões relativas ao novo aeroporto, à exploração do lítio e agora aos painéis fotovoltaicos, em que se tomam decisões gravíssimas por cima das populações, fechando acordos com os grandes interesses privados, revelam que o governo de António Costa é contra as populações, portanto, antidemocrático e arrogante. Sinais dessa arrogância, a atitude enfadada de irresponsável do ex-ministro da Administração Interna ou (ainda do executivo anterior) a tentativa de passar o Infarmed para o Porto, para fazer um bonito político, e os trabalhadores que se amanhassem e mudassem de casa, de vida, de família. A arrogância do Poder é um dos graves defeitos dos governos de Costa.

2- A rendição, quando não a cumplicidade, a aberrações como a ideologia de género, procurando inculcar nas crianças um chorrilho de alarvidades de moda, e pior: com um membro do governo, um palerma dum secretário de Estado, que se entreteve em perseguir uma família e os alunos, e que há muito deveria ter sido demitido. Como se agora fossem os governos, com as suas políticas oscilantes, que pudessem determinar a formação das crianças, sobrepondo-se às famílias. Queriam reprovar os rapazes, foram obrigados a meter a viola no saco, porque são cobardes e as suas convicções são as do momento. Não interessava nada, à beira de eleições, arranjar um trinta e um com um sector conservador (ou apenas de bom senso) da sociedade e com a Igreja Católica.

3- A subserviência patética em relação ao belicismo do complexo militar-industrial americano. A figura triste ministro dos Negócios Estrangeiros (já desde a farsa do alegado presidente legítimo da Venezuela, em que ficaram pendurados com o menino na mão, numa falta de compostura institucional que brada aos céus), e na substancialmente (embora não politicamente) irrelevante atitude de assentimento bovino em face da ofensiva contra a Rússia, apenas porque o Estados Unidos ordenaram e nós obedecemos. Não desconheço as nossas contingências geopolíticas, mas há várias maneiras de se estar, umas dignas, outras não.

Três razões que me fazem ardentemente desejar já não de mandar o governo para a rua, como antigamente se fazia, pois já lá está; mas de não voltar a deixá-lo a entrar. E que venha o próximo. 

versos do dia

«Não tenho graves defeitos / nem tão-pouco grandes qualidades.»

[...] 

Pedro Tamen, Guião de Caronte (1997)

segunda-feira, janeiro 24, 2022

«As Long As The Price Is Right»

versos do dia

 [...] 

Incredulous he stared at the amused / Official writing down his name among / Those whose request to suffer was refused.»

 [...] 

W. H. Auden, «The Quest»

«O funcionário divertido que ele fitou incrédulo, / o nome lhe escrevia no rol benévolo / Daqueles a quem o pedido de sofrer foi recusado.» [...] (trad. José Alberto Oliveira) W. H. Auden, O Massacre dos Inocentes -- Uma Antologia

o mantra meio-verdadeiro (portanto semi-mentiroso) dos neo-liberais (ou, nas palavras de Chicão, "capitalistas selvagens"): a ultrapassagem de Portugal pelos países do "Leste"

 Para quem não percebe patavina de Economia -- é o meu caso -- é muito útil a leitura deste post, de Ricardo Paes Mamede.

playlist: «Let The Demons Out»

mais aldrabices na Ucrânia -- ou felizmente a Rússia não é a Sérvia

 Não sei o que é mais irritante, se a forma bovina com que os vários telejornais repetem propaganda, se esta palhaçada que o palerma do Biden está a fazer (ou a ser levado a fazer), com a cumplicidade do vigarista do pm inglês. (Nunca esquecer que aquele patareco votou a favor da invasão do Iraque; estúpido como parece ser, deve ter acreditado que era verdade que por lá havia armas de destruição maciça...)

Entretanto surgiu a demissão chefe militar máximo da marinha alemã, que falou contra a corrente destas criaturas amestradas na NATO, provavelmente porque já estava farto -- ou simplesmente não gostava -- de fazer figura de estúpido.

Claro que se anda a brincar com o fogo; mas valha-nos uma coisa: a Rússia não é a Sérvia, portanto, aqueles patifes não vão poder mandar as ameixas do ar pelos F-18, porque a seguir tinham outras a cair-lhes no telhado.

Um consolo, para já: vê-los a cacarejar com sanções enormes (ui, que medo), com a União Europeia estupidamente a fazer-se câmara de eco dos Estados Unidos. Por outro lado, o asco que me provocam os cãezinhos do comentário.

Já alguém explicou qual é o interesse da Rússia em invadir a Ucrânia e o que ganha ela com isso? O que um tipo como o Putin precisava mesmo era de um confronto em larga escala com o Ocidente; é de um racionalidade a toda a prova. A não ser... Lá está, a não ser que o Putin saiba muito bem o que os americanos andam lá a fazer, e o que querem lá pôr. E se é para pôr um sistema de mísseis -- ou,nem é preciso tal: se acham que a Rússia vai deixar que os americanos instalem armas nas suas fronteiras, podem esperar sentados. Mais depressa acaba a Ucrânia como a conhecemos hoje.


domingo, janeiro 23, 2022

versos do dia

 «[...] // Eu amo-te, e sigo / / Teus passos, bem vês! / O cão do mendigo / Não é mais amigo / Do dono, talvez!»

João de Deus, Campo de Flores (1893)

sábado, janeiro 22, 2022

«Leitor de BD»


 Hergé em Portugal

aqui

quinta-feira, janeiro 20, 2022

versos do dia

 «A fala a nível do sertanejo engana: / as palavras dele vêm  como rebuçadas / (palavras confeito, pílula) na glace / de uma entonação lisa, de adocicada »

João Cabral de Melo Neto, A Educação pela Pedra (1966)

playlist: «Run Baby Run»

os debates: com todos - 2

 O Volt Portugal, partido federalista paneuropeu, o único ali que pode crescer. O MAS tem uma esplêndida cabeça de lista, com uma óptima postura. Rejubilei ouvindo-a falar como falou das manigâncias do lítio -- aliás, o povo de Trás-os-Montes e do Minho tem dado lições de civismo. Uma menção ainda para aquele simpático partido-tertúlia, o Nós, Cidadãos!

E foi isto.

quarta-feira, janeiro 19, 2022

playlist: «Nova Lisboa»

versos do dia

 [...] 

«Vi son genti fottenti e fottute / E di potte e di cazzi notomie / E ne' culi molt'anime perdute.» 

[...] 

Pietro Aretino, Sonetti Lussuriosi (1524)


[...] Gente há aqui que fode e que é fodida, / De conas e caralhos há caudal / E pelo cu muita alma já perdida.» [...]
 (versão de João Paulo Paes)

terça-feira, janeiro 18, 2022

os debates: com todos -1

Um resumo dos debates anteriores. boca a mais ou a menos. Uma estupidez, com tanto assunto por debater. aliás que o próprio moderador enunciou. União Europeia, não? CPLP, também não? Política de defesa, política cultural?... Uma ideia para o país? Indústria? Agricultura? Floresta? Demografia? Imigração?...

playlist: «Defying Sinergy»

segunda-feira, janeiro 17, 2022

«Forever Loving Jah»

versos do dia

 [...] 

«"--Que dás, Poesia / Castigos eternos?"» 

[...]» 

Pedro Homem de Melo, «Pântano», Eu Hei-de Voltar um Dia (1966)

"Leitor de BD"

 



Bouzard, Jolly Jumper Já não Responde

aqui

domingo, janeiro 16, 2022

playlist: «Aha»

os debates: Real-Rio

Inês Sousa Real - Rui Rio. Um do melhores debates, Inês Sousa Real muito bem e bem preparada. 

É possível que o PAN venha a ser decisivo, o que não será de todo mau: espera-se que os crimes ambientais do aeroporto em Alcochete ou no Montijo sejam travados e que se encare como deve ser a possibilidade de Beja, que já o tem. (Em linha de alta velocidade está a cinquenta minutos de Lisboa, algo que os senhores turistas podem perfeitamente suportar.) E ainda travar a história da mineração do lítio, decidido nas costas das populações.

Ucrânia, o despudor

 Não tenho tido tempo para falar da Ucrânia. Como disse antes, era só os democratas voltarem ao poder nos EUA que o complexo militar-industrial começava a carburar. 

Se alguém, que não seja muito estúpido, puder explicar qual o interesse da Rússia numa guerra na Ucrânia, avance.

Entretanto, o despudor dos americanos e dos fantoches sem vergonha na cara, como essa marioneta da Nato chamada Stoltenberg, balbucia e bolsa. No Báltico, não sei se aterrorizados pela traumática experiência soviética, de duas uma: ou têm tanto medo que promovem uma escalada bélica, ou estão também ao serviço da administração americana. 

Ouvi um "especialista" em assuntos internacionais, por acidente, pois acho que o tipo é uma fraude,  Uma das coisas que disse foi haver um padrão na actuação russa, e mencionou o caso da Geórgia invadida, quando se sabe que foi a Geórgia, cujo presidente de então trabalhava para os americanos, que invadiu a Ossétia do Norte, estando Putin a assistir à abertura dos Jogos Olímpicos de Pequim, e que de imediato regressou a Moscovo. Um dos muitos prostitutos que andam aí no comentário internacional. 

A história da Ucrânia é mais que sabida, assim como da Crimeia. Sabida por meia dúzia, claro. E por isso intoxica-se a opinião pública, fala-se de guerra, como se tal fosse possível. A não ser que os americanos e os seus agentes estejam a pensar que há europeus em número suficiente para morrer pelos interesses americanos. Não sei o que vale o novo chanceler alemão. Macron, muito a prazo e periclitante, topa-os bem. A Inglaterra está sempre pronta para o trabalho sujo dos americanos, ainda mais com este aldrabão inimputável que está no n,º 10. Por cá, sabendo-se que temos sempre de mostrar boa cara aos nossos vizinhos atlânticos, podíamos ser um pouco menos coninhas e subservientes, como temos sido. Ouvir o ministro dos Negócios Estrangeiros Santos Silva é confrangedor. 

O Cazaquistão é outra história semicontada, ou seja: o evidente descontentamento popular com o governo local foi muito bem aproveitado. Até fazia lembrar a Ucrânia.

Por falar em coninhas, lembro-me quando outro ministro foi obrigado, em nome do governo português, a reconhecer o Kosovo. Recentemente, a farsa de Guaidó na Venezuela, em que a existência de uma larga comunidade portuguesa exigiria a (pelo menos aparente) estrita neutralidade. Emfim, não há vergonha.

sábado, janeiro 15, 2022

playlist: «A Música (de boca em boca)»

os debates: Real-Ventura; Costa-Figueiredo; Martins-santos

 Ao fim deste tempo já só tenho paciência para debates ideológicos ou combates de boxe, com pipocas. Ontem não houve boxe, mas cada um a falar para o seu lado -- com duas senhoras seria difícil e indesejável. O único interessante foi aquele em que os oponentes eram mais próximos, PS-IL.

sexta-feira, janeiro 14, 2022

playlist: «When One Door Opens»

versos do dia

[...] 

«Onda sobre onda infinita como o mar / como o mar inquieto / num jeito / de nunca mais parar.» 

[...] 

Alexandre Dáskalos, Poesia (1961)

os debates: Costa - Rio

 António Costa - Rui Rio. António Costa bem ensaiado pela agência de comunicação, e com uma substância que Rio não teve (TAP). O resto foi pingue-pongue.

quinta-feira, janeiro 13, 2022

versos do dia

 [...] «Na sala há cinco meninas / E um botão de sardinheira / Feitas de fruta madura / Nos braços duma rameira» [...] 

José Afonso, «Avenida de Angola»

os debates: Santos-Ventura; Oliveira-Rio; Figueiredo-Tavares

 André Ventura - Francisco Rodrigues dos Santos. Já se estava à espera. Vários directos nos queixos do quarto pastorinho de Fátima. Não foi k.o., porque o pastorinho fala com Deus.

João Oliveira - Rui Rio. Estiveram ambos muito bem, num debate cordial em que o desacordo era igualmente esperado. Jerónimo foi bem substituído. 


Em tempo: só de manhã me apercebi que também houve debate IL-Livre. Os calendários que correm por aí estão errados.

João Cotrim de Figueiredo - Rui Tavares. Disseram-se coisas linda; com sorte, um deles poderá estar no próximo governo.

quarta-feira, janeiro 12, 2022

playlist: «Sway»

versos do dia

«De cem favoritos reais / noventa e seis foram guilhotinados.» 

[...] 

Carlos Saldanha, «Pesquisa utilitária», 26 Poetas Hoje (1976)

os debates: Costa - Martins

 António Costa - Catarina Martins. Não há grande pachorra.

terça-feira, janeiro 11, 2022

playlist: «Plástico»

versos do dia

 «Como se na boca da trompete / coloca-se a surdina sobre a vida / e a memória irrompe qual um vento» 

[...] 

Pedro Tamen, Memória Indiscritível (2000)


os debates: Martins-Real; Figueiredo-Rio, Santos-Tavares

Catarina Martins - Inês Sousa Real. Adormeci, mas ainda pude apreciar a resposta de Inês a Catarina, quando esta acusa o PAN de condescender com a direita; e foi bem respondido, embora o Bloco tenha responsabilidade partilhada com o resto da Geringonça.

João Cotrim de Figueiredo - Rui Rio. É verdade, a Iniciativa Liberal é incandescente no seu deslumbramento pelos Chicago Boys. Ainda se fôssemos a Dinamarca... Alguém que lhes explique por que razão a TAP é estratégica para o país, que não pode ser transformado em mercearia às mãos destes contabilistas e gestores.

Francisco Rodrigues dos Santos - Rui Tavares. O debate mais interessante, porque o mais ideológico e pela qualidade dos intervenientes. Tavares, já se sabia; Rodrigues dos Santos tem sido a melhor surpresa desta campanha. Não gostei de ver Tavares a ser habilidoso na questão da famigerada disciplina de Educação Cívica e daquela coisa para a Igualdade de Género, que se transformou num covil do lóbi lgbt; ao contrário, expçlicou muito bem, como já o fizera antes da justeza do alargamento de subsídio de desemprego, em certos casos.

segunda-feira, janeiro 10, 2022

versos do dia

«Sei que canto. / E a canção é tudo. » 

Cecília Meireles, «Motivo», Viagem / Antologia Poética (1963)

playlist: «Energy Alphas»

os debates: Costa-Santos; Figueiredo-Ventura; Real-Tavares

António Costa - Francisco Rodrigues dos Santos. Para o que interessa: a posíção moderadíssima do CDS de tornar opcional o embuste da chamada "Educação Cívica", que para além de ensinar os meninos a não comer de boca aberta, também quer endoutrinar que sexo e género são coisas diferentes e que a biologia não interessa para nada, entre outras coisas lindas, Costa, sempre cágado, vem falar de "liberdade" e de "convicções religiosas". Espertíssimo.

André Ventura - João Cotrim de Figueiredo. Um debate entre dois et's a tentarem entalar-se. Foi para pipocas. 

Inês Sousa Real - Rui Tavares. Eram esperados beijinhos. RT bem nas terapias alternativas e na abordagem ao problema da pecuária: não tentar resolver os problemas contra as pessoas. ISR, muito bem no ataques à selvajaria do transporte de animais vivos.

domingo, janeiro 09, 2022

versos do dia

[...] 

«O princípio / Foi uma mancha maravilhosa e branca / Adequada e plana / Sem mistérios nem respostas.»

[...]

Carlos Daniel, «O tempo», Os Meus Dias (2018)

playlist: «Don't Feel Quite Right»

sábado, janeiro 08, 2022

os debates: Costa-Real; Rio-Tavares

 António Costa - Inês Sousa Real. Não foi bem o chá e torradas que se antevia, embora sempre com agradável cordialidade. Inês SR tocou muitíssimo bem em dois pontos que são duas nódoas do governo de Costa: o aeroporto, falando, uma vez mais e claramente, na opção por Beja, exigindo que os estudos de impacto ambiental não sejam selectivos; e a história do lítio, os contratos assinados, a acção do governo e do estado contra as populações. Só por isso, já merecia o meu voto, embora previsivelmente não lho dê.

Rui Rio - Rui Tavares. Onde se mostra que a cordialidade e o respeito não são incompatíveis com o desacordo. Continuo a achar que Rio tem razão quanto ao salário mínimo; tavares explicou bem o modo como excepcionalmente o subsídio de desemprego pode ser atribuído a quem se despeça. 

portugueses


Maria de LOURDES Bettencourt de CASTRO



 

playlist: «A Map of Your Secret World»

os debates: Rio-Santos; Figueiredo-Real

 Francisco Rodrigues dos Santos - Rui Rio. Um Rio sempre desconcertante, lugar-comum, mas verdadeiro: "Se não votarem em mim, votem nele!» Esteve bem em não embarcar na história do cheque-ensino e mal na questão da TAP.

Inês Sousa Real - João Cotrim de Figueiredo. Debate cordato e interessante, falando para eleitorados diferentes, mas com pontes.

sexta-feira, janeiro 07, 2022

«Corazón de Neón»

versos do dia

[...]

 Nunca morrem as almas. 

Anna Akhmátova, Só o Sangue Cheira a Sangue

(versão: Nina Guerra e Filipe Guerra)

playlist: «The Traveler»

os debates: Costa-Ventura; Figueiredo-Martins

 André Ventura - António Costa. Debates em que entre o Ventura são para as pipocas, não servem para mais nada: ver quem o entala ou se deixa entalar.

Catarina Martins - João Cotrim de Figueiredo. O SNS -- Bloco bem, porque por apelativa que a IL tente vender a imagem de uma sociedade de livre iniciativa em que tudo ou quase se organiza por si, nunca é assim, e até poder vir a sê-lo precisa o país de massa crítica que ainda levará umas gerações a fortalecer. O subdesenvolvimento, de que começámos a sair com o 25 de Abril e a adesão à CEE, ainda se paga caro.

quinta-feira, janeiro 06, 2022

é isso mesmo

 São somente histórias. Há talento e trabalho, a ordem é arbitrária. O resto é charlatanice e indigência disfarçada. Um longo bocejo.

versos do dia

 «Lança o brilho da sua lâmina / ao manto plúmbeo do céu.» 

[...]

Manuel Matos Nunes, «Gadanheiro (1945), de Júlio Pomar», Cadernos do Verão (2021)

«The Slap»

os debates. Figueiredo-Santos; Martins-Rio; Tavares-Ventura

Francisco Rodrigues dos Santos - João Cotrim de Figueiredo: Um conservador e um liberal. Ficaram as diferenças expostas? Sim, em parte, o que é sempre interessante, embora muito daquilo seja mais retórica que outra coisa. Chicão, mais contundente, levou Cotrim várias vezes ao tapete; e para mim é refrescante ver um conservador que claramente se afirma como tal.

Catarina Martins-Rui Rio. Não há grandes aproximações. Ela é óptima nos debates, ele nem por isso. Ou melhor, não ostenta as habilidades dos demais. O que ganhou no nivelamento por baixo do salário médio perdeu a falar em novas pepepês para a saúde.

André Ventura-Rui Tavares. Nunca vira uma tão boa como o programa de nove páginas do Chega, noves fora, nada. Ao nível do programa para a reforma do estado de Portas, um dossier com letra em corpo 18. Ao programa de nove páginas com que aquela malta pretende governar o país -- imagino o esforço daquelas cabeças -- Ventura responde a Tavares com Sócrates e Salgado. Mas nessa altura a tasca já tinha mudado para a cm-tv.

quarta-feira, janeiro 05, 2022

«Leitor de BD»

André Diniz, A Revolta da Vacina
 

versos do dia

[...] 

«Fui pai de Tordesilhas e também / de Lucrécia paternal pirilampo.» 

[...]

Pedro Tamen, «Alexandre VI», Analogia e Dedos (2006) 

os debates: Martins-Tavares, Sousa-Costa, Real-Santos

 Catarina Martins - Rui Tavares. Muito cordial, com algumas rasteiras. O mais interessante até ao momento, em especial pelas questões europeias.

António Costa - Jerónimo de Sousa. Suspeitava que Costa não iria "perdoar". E não perdoou.

Francisco Rodrigues dos Santos - Inês Sousa Real. O CDS a cilindrar o PAN.

terça-feira, janeiro 04, 2022

playlist: «I Fix My Gaze»

versos do dia

«Forma-se a onda e depois outra e outra / E enquanto se desfazem outras vêm» 

[...]

Antero Abreu, «Onda Vai Onda Vem», Poesia Intermitente (1987)

debates: Rio - Ventura

 Devo dizer que adormeci a meio. A eloquência de Rio e o vendedor de banha da cobra. Rio parecia um principiante diante daquele picareta. Catarina Martins melhor ontem que Rio hoje. Aquela do disco riscado foi bem metida. Espero divertir-me a ver o Ventura com o Cotrim e o Chicão. Tavares, espero que aposte na ironia. Costa é um cágado. Real é uma senhora, embora não acredite que se deixe comer pelo caça-ciganos.

segunda-feira, janeiro 03, 2022

diário de leitura

«É o caso que o meu amigo António Fróis, antes de partir para Helsinki, onde foi pôr-se ao lado dos finlandeses (este não se nega a combater na Finlândia), e na previsão de qualquer desenlace desastroso, deixou nas minhas mãos um grande número dos seus poemas, confiando-me também o encargo de os publicar, se o considerasse oportuno.» 

Jaime Cortesão, carta a Luís da Câmara Reys, Biarritz, 6-III-1940 (13 Cartas do Cativeiro e do Exílio (1940), edição de Alberto Pedroso)

Este António Fróis, autor de Missa da Meia Noite (Lisboa, Seara Nova,1940), era o próprio Cortesão a fazer de Eça e Fradique. Fróis estava a combater os soviéticos na Finlândia, que levaram que contar dos finlandeses. Stálin já tinha purgado a tropa, receoso das altas patentes, sátrapa a olhar para a sombra. Alberto Pedroso informa que Câmara Reys não fazia ideia de que Fróis era um alter ego de Cortesão.


caso Sócrates

 Não vale a pena culpar os políticos por falta de meios, quando obviamente se quer apanhar alguém lançando mão de todos os expedientes, como de resto já se vira, e de forma tão canhestra.

Ao fim deste tempo todo, eu ainda não sei que asneiras fez Sócrates, para além das que toda a gente supostamente sabe, graças aos próprios e às belas escutas telefónicas que alguém da justiça pôs nos jornais, para que o homem fosse condenado pela opinião pública.

Sócrates deixou-se corromper? Provem-no e arranjem meios para tal; ou tenham tomates de vir para a rua (juízes, MP) e dizer ao poder político: A-CA-BOU. Ou dão os meios necessários para um ataque ao banditismo de colarinho branco, ou ficamos de braços cruzados até se decidirem. 

Agora, expedientezinhos de merda, como este e outros em que o caso foi fértil, para depois acabar tudo em anulação e indemnização, ao fim destes anos todos, é insuportável.

Portanto, e voltando ao princípio: paralisem filhos, paralisem; dêem um murro na mesa; levantem esses cus; tirem as alpacas das mangas e venham para a rua -- até para salvaguarda da vossa imagem. A justiça é um lamaçal, e não vale a pena culpar terceiros. 

Ou então, estão confortáveis.

playlist: «Don't Be Afraid»

versos do dia

[...]

«Estas palavras não são minhas / estas palavras são oferta da casa» 


José Pascoal, «Oferenda», Branza (2019)

DEBATES - Costa -Tavares e Martins - Ventura

António Costa - Rui Tavares. Não foi um debate, mas um comício para cada um em tom cordial, com tentativas de entalanço de parte a parte. Um empate.

Catarina Martins - André Ventura. Não há debate possível. Catarina Martins em geral bem em face do político de taberna: o disco riscado, os ofshores dos gajos que financiam o Chega. Em resumo, uma cena pindérica, para pipocas.

Jerónimo de Sousa recusa o debate com o Ventura. Menos um espectáculo deprimente e degradante, supondo-se a previsível falta de respeito do político que a tasca aprecia.

domingo, janeiro 02, 2022

playlist: «Corredor»

diário de leitura

 «De uma maneira geral, parece que nos encaminhamos para uma clarificação de propósitos, para um "descongestionamento" de processos, para uma arte mais simples e, quiçá, mais "popular", mais profundamente enraizada no humus humano, hoje, depois da trágica prova do mais espantoso conflito da história, fertilizado pela dor e pela semente das ideias generosas e certamente melhor preparado para desabrochar em florescências menos particularistas e de sentido mais universal.» 

Fernando Lopes-Graça, nota à 2.ª ed. de Introdução à Música Moderna, 1946 

A interessante evolução do modernista-presencista Lopes-Graça para uma visão da arte empenhada, neo-realista, em divergência dos antigos companheiros da revista coimbrã, que não era de todo um bloco monolítico -- nem de resto poderia ser, sob pena de contrariar o espírito livre da presença.

sábado, janeiro 01, 2022

playlist: «Black Dawn»

versos do dia

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«Bonita vista / Pena que nunca a aviste» 

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Francisco Alvim, «Muito Obrigado»

26 Poeta Hoje (Heloísa Buarque de Hollanda)