quinta-feira, março 10, 2016

microleituras

Reedição de um artigo de 1947, é uma história de exemplo e exortação à mocidade, aproveitada (em 1974!) para propaganda do ideal colonialista dum país com treze anos em guerra. O autor, antigo alto funcionário colocado em Timor, relata o percurso do régulo de Súru, no norte da ilha, de seu nome nativo Nai-Sêssu, usado até à conversão ao cristianismo.
D. Aleixo foi, sem dúvida, uma figura mítica do Portugal colonial do século XX. Põe-se ao lado da potência colonial, aquando da grande sublevação contra os portugueses, em 1911; e, em 1942, na invasão japonesa, enfrenta os nipões a partir dessas montanhas que seriam redutos inexpognáveis, décadas mais tarde, da Resistência Timorense contra os novos invasores indonésios. Conta-nos o autor, com vivacidade, não apenas a resistência como a traição de que D. Aleixo Corte-Real foi vítima, sendo persuadido a render-se, em troca de garantias de integridade física dos seus. Garantias que seriam rompidas, bàrbaramente.
Lembro-me bem dele, no meu livro de História da 4.ª classe, feita nesse mesmo ano de 1974, em que este livrinho viria a lume, talvez directamente para um qualquer depósito, que o tempo era, e bem, de descolonização.

incipit: «Em duas épocas difíceis da vida de Timor -- 1911-12 e 1942-45 -- o reino do Súru, guiado pelos seus chefes e sob o mando dos dois Leo-Ray, que então ocupavam o regulado, deu ao Governo português provas de tão alta dedicação e de tão nobre patriotismo que recordá-las e dar a conhecer ao País, é um dever, ao cumprimento do qual julgo não poder eximir-se quem, como eu, com esse povo trabalhou e junto dele se bateu.»
José Simões Martinho, D. Aleixo Corte-Real -- Português de Timor (1974)

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