PRIMAVERA DE BALAS
Agarro
Na minha última humilhação
E sem ir embora da minha terra
Emigro para o Norte de moçambique
Com uma primavera de balas ao ombro.
E lá
No Norte almoço raízes
Bebo restos de chuva onde bebem os bichos
No descanso em vez da minha primavera de balas
Pego no cabo da minha primavera de milhos
e faço machamba ou se for preciso
Rastejar sobre os cotovelos
E os joelhos
Rastejo.
Depois
Escondido em posição no meio do mato
Com a minha primavera de balas apontada
Faço desabrochar no dólman do sr. Capitão
As mais vermelhas flores florindo
O duro preço da nossa bela
Liberdade reconquistada
Aos tiros!
in No Reino de Caliban III
(edição de Manuel Ferreira)
2 comentários:
se me permite, para variar outro poeta moçambicano http://www.astormentas.com/reinaldo.htm para ler "o Futuro" :P
Vou ver. Reinaldo deve ser o Ferreira, nascido em Lisboa, e filho do Repórter X.
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