por isso espero sempre que a casa onde estou seja a última, e, se afortunado, nela morrer; por isso gosto tanto disto que escreve o quase centenário Sabato*:
«Avanço para a minha casa por entre as magnólias e as palmeiras, entre os jasmins e as imensas araucárias e detenho-me a observar a trama que as trepadeiras esculpiram sobre a fachada desta casa que é já uma ruína querida, com persianas apodrecidas ou desengonçadas; no entanto, ou precisamente pela sua velhice parecida com a minha, compreendo que não a trocaria por nenhuma mansão do mundo.»
*Resistir, tradução de carlos Aboim de Brito, Lisboa, Publicações Dom Quixote, 2005, p. 28.
7 comentários:
Desde muito pequena que quando passava - e ainda hoje tenho o mesmo sentimento - por uma casa abandonada, velha, em ruínas, pensava: "quem teria morado aqui? Que vidas, que gostos/desgostos? Que gentes, que mundos?".
A minha casa da aldeia, vendia-a há pouco.
Casa de avós paternos, casa de férias, casa de outros tempos.
Então, porquê vendê-la? Quis ser eu a ditar o seu "destino", quis ser eu a retirar parte do meu mundo, das minhas memórias.
Agora, nas mãos de outrém, o seu final já não é o meu final.
Afectos, estamos a falar de afectos!
Que aldeia?
gostei muito de ler e reflectir sobre a casa. um beijinho.
tb gostei da reflexão, embora n me sirva: a m casa de infância tá quase na mesma, a relva, as sebes à volta do muro com flores vermelhas com um pau amarelo a sair das pétalas q atraiam formigas e mais formigas, a trepadeira de maracujás e a palmeira em vias de crescimento q o jardineiro insistia em tratar é q se foram. não se me parte o coração.
Alice, obrigado.
Mónica: têm tantas e por vezes tão diversas histórias, as casas...
Na Beira Baixa, próximo de Castelo Branco.
Não conheço, praticamente, mas tenho raízes lá.
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