GATO
Que fazes por aqui, ó gato?
Que ambiguidade vens explorar?
Senhor de ti, avanças, cauto,
meio agastado e sempre a disfarçar
o que afinal não tens e eu te empresto,
ó gato, pesadelo lento e lesto,
fofo no pelo, frio no olhar!
De que obscura força és a morada?
Qual o crime de que foste testemunha?
Que deus te deu a repentina unha
que rubrica esta mão, aquela cara?
Gato, cúmplice de um medo
ainda sem palavras, sem enredos,
quem somos nós, teus donos ou teus servos?
Abandono Vigiado / Poesias Completas
Subscrever:
Enviar feedback (Atom)
9 comentários:
fabuloso, o O'Neill é genial, genial mesmo... até me consegue por deliciada com um poema sobre gatos:P
Vivo na constante e perturbadora interrogação final.
Quanto ao comentário anterior, desgosta-me um pouquinho o «até».
Seja-me permitido dizer que gostaria de ver "Lebre por gato".
Viva o O´Neill.
desculpe, mas nao tenho culpa de nao gostar de gatos.
Cáspite! Também eu pensava que não gostava de gatos até ter o meu, ou melhor, a minha: Gotha de sua graça, uma Gata de Saxe-Coburgo-Gotha. Mas não sei se será das companhias plebeias do meu rafeiro arraçado de beagle/epagneul Toby (Tobias-José), pois desconfio que a minha gata é arraçada de cadela!...
eu até gosto, tenho é muito medo de gatos, das arranhadelas e das mordidelas. Pronto, se tivessem dentes e unhas de borracha eu até gostaria de ter um
É espantoso, Lebre, como podemos mudar a nossa opinião. Eu antes de ter a minha Gotha nem me passava pela cabeça pegar num; agora olho-a em-be-ve-ci-do. É tão bom como ter um cão, mas é outra coisa. Nem melhor nem pior, diferente...
pois, uma amiga minha tb diz o mesmo sobre o gato dela:)
eu fico-me com o medo.
é muito bonito. O poema do gato do antónio gedeão também
O Gedeão é um dos poetas mais estimáveis do século vinte.
Enviar um comentário