Ateu de raiz católica e cidadão interessado, obviamente que a eleição do Papa não poderia ser-me indiferente -- até por questões mais comezinhas e aparentemente de superfície como é todo o processo que a conduz, interessantíssimo de seguir.
Digamos que que acompanhei o desenrolar dos acontecimentos dos últimos dias com uma expectativa idêntica à que me sucede, por exemplo, com as eleições americanas. Sobre questões de fé e da dogmática da Igreja, em geral não tenho nada a dizer. Isto é: estou-me nas tintas para o assunto do lugar da mulher lá dentro ou o casamento gay; nem percebo como certos ateus vibram com isto: só está nas igrejas quem quer (falo, é claro, enquanto cidadão europeu, urbano e cosmopolita; a realidade pode ser muito diferente, mesmo em Portugal, em lugares perdidos para trás do sol-posto, em que existe uma determinada coerção social que inclusivamente ultrapassa a própria Igreja). Não me interessam nada, pois, as questões de modernidade no que diz respeito à Igreja. Por mim, podiam continuar a dizer missa em latim; era capaz de até dar lá uma saltada de vez em quando, só para ouvir aquela música...
Internamente, espero do Papa Francisco uma repressão sem tréguas aos pedófilos e abusadores que existem na Igreja Católica. Espero dele uma acção decisiva e exemplar, sem a qual a sua autoridade enquanto pontífice e enquanto homem ficará reduzida a nada. Sendo uma acção que presumo árdua (aquilo deve estar minado), tem de estar ao seu alcance
Do ponto de vista social, é diferente: a Igreja Católica é uma força, e portanto tem de ser seguida com atenção. Mas ao seu alcance já não estará a acção sobre o desgoverno do mundo; a pilhagem dos povos e dos recursos naturais pelas corporações. Aí a sua voz deverá latejar. Não que eu tenha grandes ilusões, não creio que lhe liguem alguma coisa. Ou tanto quanto ligaram à justa posição de João Paulo II, quando da criminosa guerra do Iraque. Mesmo assim: a obrigação deste papa é não esmorecer e ser a voz bem audível de todos os que não têm voz. Se tal acontecer, este pontificado terá valido a pena, e eu congratular-me-ei com isso.
Digamos que que acompanhei o desenrolar dos acontecimentos dos últimos dias com uma expectativa idêntica à que me sucede, por exemplo, com as eleições americanas. Sobre questões de fé e da dogmática da Igreja, em geral não tenho nada a dizer. Isto é: estou-me nas tintas para o assunto do lugar da mulher lá dentro ou o casamento gay; nem percebo como certos ateus vibram com isto: só está nas igrejas quem quer (falo, é claro, enquanto cidadão europeu, urbano e cosmopolita; a realidade pode ser muito diferente, mesmo em Portugal, em lugares perdidos para trás do sol-posto, em que existe uma determinada coerção social que inclusivamente ultrapassa a própria Igreja). Não me interessam nada, pois, as questões de modernidade no que diz respeito à Igreja. Por mim, podiam continuar a dizer missa em latim; era capaz de até dar lá uma saltada de vez em quando, só para ouvir aquela música...
Internamente, espero do Papa Francisco uma repressão sem tréguas aos pedófilos e abusadores que existem na Igreja Católica. Espero dele uma acção decisiva e exemplar, sem a qual a sua autoridade enquanto pontífice e enquanto homem ficará reduzida a nada. Sendo uma acção que presumo árdua (aquilo deve estar minado), tem de estar ao seu alcance
Do ponto de vista social, é diferente: a Igreja Católica é uma força, e portanto tem de ser seguida com atenção. Mas ao seu alcance já não estará a acção sobre o desgoverno do mundo; a pilhagem dos povos e dos recursos naturais pelas corporações. Aí a sua voz deverá latejar. Não que eu tenha grandes ilusões, não creio que lhe liguem alguma coisa. Ou tanto quanto ligaram à justa posição de João Paulo II, quando da criminosa guerra do Iraque. Mesmo assim: a obrigação deste papa é não esmorecer e ser a voz bem audível de todos os que não têm voz. Se tal acontecer, este pontificado terá valido a pena, e eu congratular-me-ei com isso.
Entretanto, leio, com alívio, a reprodução de declarações de Adolfo Pérez Esquível, nobre figura dos Direitos Humanos, isentando o actual papa de cumplicidade com a repugnante ditadura argentina. Por outro lado, é grande o fluxo de informações sobre o passado recente de Jorge Bergoglio enquanto arcebispo de Buenos Aires. E essas notícias têm revelado um homem decentíssimo. É bom que assim seja, que figuras que, pelo posto que ocupam, a sua voz tenham ressonância à escala planetária, como Tenzin Gyatso, o Dalai Lama, ou Barack Obama.
Decência e consequência, é o que espero do Papa Francisco.
Decência e consequência, é o que espero do Papa Francisco.
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