Praguejam pescadores: Ora esta, ora esta,
O mar na praia é um tambor em festa!
Danado e rouco ele há lá quem o fateixe!
O mar não anda bom...
E som, e som, som-som,
deita a fugir o peixe.
Meus patrícios, poveiros tal e qual
É a nobreza maior de Portugal!
Mesmo sou duma aldeia à beira-mar,
E ouço-o bem duas légias em redol:
Meio ano a lavoirar,
Outro meio ao anzol!
Meus patrícios cada qual
Tem o seu bote que é o seu casal.
Mas, o Oceano, o mar não anda bom:
Ondas são trambolhões, e trambolhões de som!
Ó mar, meu brutamontes,
Música, deixa ouvi-la da noitinha:
Eu quero ouvir o murmurar das fontes
Que a noite já se avizinha...
presença #16
Coimbra, Novembro de 1928
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