sexta-feira, março 15, 2013

A SELVA como expressão das ideias libertárias de Ferreira de Castro (3)


De que forma poderemos enquadrar essa mundividência? Claramente através de um conjunto de ideias e de sensibilidades que dotara a totalidade da obra castriana de uma mensagem coerente e consistente de emancipação do Homem. Não se trata de um simples amálgama de sentimentos piedosos, vulgo «humanistas»; está para além disso, e tem uma designação bem definida na história das ideias políticas e sociais: chama-se anarquismo, e Ferreira de Castro foi um dos expoentes literários do século XX, em Portugal, dessa forma mais livre de encarar o mundo e a vida. Ela já aparece, ainda que inconscientemente, em Criminoso por Ambição (1916), através de uma pueril atmosfera de revolta e inadaptação do protagonista Simão Rafael dos Anjos (1), e é omnipresente, quase obsidiante no seu último livro, Os Fragmentos (1974), um volume que ele deixou cuidadosamente preparado para publicação.

(1) «Posfácio» a Emigrantes, edição comemorativa ilustrada por Júlio Pomar, Lisboa, Portugália Editora.

 Congresso Internacional A Selva 75 Anos -- Actas, Ossela, Centro de Estudos Ferreira de Castro, 2007

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