terça-feira, fevereiro 01, 2011

genealogia (3)

no meu sangue há homens do mar
celtas de olho azul vindos em balsas
da verde erin

tiveram poiso por séculos na costa norte 
mas logo se lançaram a esse mar
para cima do árctico
e desceram a sul
à aventura e à rapina

celtas de olho azul
branco o loiro da barba
neve da terra nova

celtas de olho azul
roupa colada ao visco do corpo
calor húmido dos trópicos

homens e mulheres da pesca e do peixe
da costa nova à capital do império
onde assentaram arraiais os filhos dos arrais

em lisboa se fixam
trazem despojos vivos
dos restos d'além-mar
e com eles se misturam

no meu sangue
tudo isto e ainda mais

4 comentários:

Manuel Nunes disse...

O sangue nórdico e o sangue judeu e africano de que somos feitos. O poeta não escapa a essas origens! O Raul Brandão diz nas Memórias que Portugal esteve sempre por cima quando falou em nós o sangue nórdico (Casa de Borgonha, Filipa de Lencastre e a Ínclita Geração, etc.) Acho isto muito discutível. Ver o Antero das Causas da Decadência dos Povos Peninsulares.

Ricardo António Alves disse...

Hei-de ir ao judeus, e aos berberes! O Brandão é daqueles autores que podem escrever tudo, basta como o escrevem. E o Antero também.
Um abraço.

Torquato da Luz disse...

Estou a gostar muito destes seus poemas, caro Ricardo. Venham mais!
Forte abraço.

Ricardo António Alves disse...

Meu caro Torquato, sinto-me consagrado... e responsabilizado!
Grande abraço.