Não é por vão escrúpulo de idealista que o antifascista hesita em se tornar fascista contra os fascistas, ou o pacifista em se tornar guerreiro contra o guerreiro: para que serviria lutar se se abolissem nessa luta todas as razões pelas quais se escolheu lutar? [...] é absurdo, por respeito pelos valores que se deseja fazer triunfar, garantir-lhes a derrota; mas não é menos absurdo renegar uma ideia sob o pretexto de lhe garantir a eficácia. É a isso que se decide frequentemente o político, mas é também isso que dá à política o seu carácter incoerente e decepcionante.
O Existencialismo e a Sabedoria das Nações
(tradução de Mário Matos)
2 comentários:
Tenho aqui este livro da Simone de Beauvoir, mas ainda não o li :(
Enfim...
No contexto citado, cada vez mais me parece que a política tem mesmo que se desenvolver enquanto arte. Raras vezes pode ser um percurso linear ou resultado perfeito de qualquer planificação.
Obrigada :)
Num certo sentido, concordo com a apreciação da Ana Paula - designadamente em relação à inelutável hipótese de planificar, pois as circunstâncias e as pessoas mudam a cada momento. Por outro lado, é também isso que dá à política o seu carácter incoerente e decepcionante. Todavia, esta constatação alargar-se-á a quase tudo (assim de repente, nem usaria o «quase»)e não apenas à política/políticos. Ora, também o seu contrário acontece... (o carácter coerente e entusiasmante).
PS. Felicito-o pela escolha do excerto.
Enviar um comentário