quarta-feira, maio 25, 2016

"Há Flores no Cais"

1. A primeira coisa que os portugueses têm de agradecer aos estivadores é a de lhes mostrarem que os trabalhadores não são propriamente cordeiros para se sacrificarem em nome dos interesses de meia dúzia de operadores portuários.
2. Como diz, e muito bem, Catarina Martins, está na hora de o Governo meter os operadores na ordem.
3. Era o que faltava, o Estado ser conivente com a táctica gananciosa de meia dúzia de empresários. Não querem nem sabem negociar?, querem maximizar o seu lucrozinho? Borda fora, que estão a ocupar os portos nacionais que não são deles, mas do povo português.
4. Ouvi ontem a ministra Ana Paula Vitorino, que tem sido muito elogiada pelos que criticam os estivadores, muitos deles arrebanhados na estratégia comunicacional dos operadores. Pelo que ouvi, ela dirigiu-se às duas forças em presença, tendo mesmo ameaçado anular as concessões, caso não houvesse entendimento. Não me parece que a ministra tenha esquecido a que governo pertence. Para miséria política, já cá tivemos o governo de Passos e o ministro da Esmola do CDS. 
5. Por uma questão de higiene, não vou alongar-me com o atraso de vida do jornalismo, como sempre manipulado. Fico à espera dum trabalho como deve ser, por exemplo da equipa de Sandra Felgueiras, no "Sexta às 9".
6. Se há coisa que me enoja é este putedo neo-liberal que quer embaratecer o trabalho, precarizar o trabalho, com tudo o que isso implica de desestabilização para as famílias de quem trabalha. O esticar da corda persiste, mas ela vai rebentar, com estrondo. Os povos da Europa estão cansados de serem governados por agentes dos financeiros. O que se está a passar em França e na Bélgica é só o princípio. O Partido Socialista Francês é bem a imagem do seu líder: uma inércia balofa, sem nervo nem alma; uma porcaria que será bem cuspida nas próximas eleições; mais um degrau nas ascensão da extrema-direita ao poder, que, a seguir este caminho, será mais cedo do que se pensa.
7. Venham depois os analistas debater, em especial umas luminárias das faculdades de Economia, com assento permanente nos debates televisivos. Será difícil esquecer-me da cara alvar dum pateta da Católica (podia ser da Nova), que, em face da crise grega, não conseguia arranjar explicação para o que estava a acontecer, quando o Syriza chegou ao poder. A parva criatura, que deve ter rejubilado pelo aparente (ou efectivo, veremos) ajoelhar grego, também não perceberá se, goradas as expectativas do eleitorado grego, outra coisa ascenda perigosamente em próximas eleições. Nada perceberá, o pobre de Cristo.
Ah, isto tudo a propósito do blogue das mulheres dos estivadores.

Sem comentários: