NO ÁLBUM DE «MISS» MUNRO
Dá-te seus risos cândidos
A fresca mocidade?
Ainda em teus sonhos áureos
Sorri a f'licidade?
Da tua vida flórida
'Stás inda na manhã?
Inda na fronte pálida
A mão da desventura
Não foi crestar-te rápida
A c'roa etérea e pura?
Mostrar-te que no mundo
Toda a ventura é vã?
Inda p'ra ti a lânguida
Brisa que à tarde ondeia
Te anima a fronte plácida
Que a dor nunca anuveia?
Inda te afaga o 'spirito
Gentil, casta ilusão?
Nas regiões sem término
De uma infinita esp'rança
Inda a tua alma etérea
Voa, e jamais descansa,
Sem que a detenha lúgubre,
Fatal desilusão?
Oh! goza a aurora flórida
Do dia da existência,
Colhe-lhe as rosas cândidas
Nas horas da inocência.
A taça esgota, sôfrega,
Do rápido prazer;
Ah! goza, enquanto a última
Voz do fatal destino
Não vem mesclar-se lúgubre
Da juventude ao hino,
Que os gozos da inocência
Jamais hão-de volver.
Latino Coelho -- Poeta e Amoroso
(edição de Arlindo Varela)
sábado, maio 16, 2009
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