quinta-feira, novembro 22, 2007

É um progressita da treta? #3

Questionário do Sunday Times, retirado daqui.

É aceitável exigir que as mulheres usem véus?

Sempre que vejo uma mulher com véu, não posso deixar de pensar que está ali uma pessoa coagida a usá-lo. Todos o sabemos, é escusado os seus defensores virem-nos atirar areia para os olhos. É claro que não nos podemos tornar numa espécie de talibãs invertidos (!) e pôr uma polícia de costumes atrás de cada mulher que apareça a envergar o hijab... Mas a República laica francesa esteve muito bem ao proibir o seu uso nas escolas públicas. O estado democrático não pode ser cúmplice do aviltamento grosseiro do indivíduo quando calha esse mesmo indivíduo pertencer ao sexo feminino.

6 comentários:

estrelicia esse disse...

Não penso que proibir seja um mal em si.Acho que proibir sem mais, sem ouvir, estabelecer diálogo, negociar mudanças é insuficiente e não ajuda talvez quem mais precisa, neste caso as mulheres que usam véu.

Ricardo António Alves disse...

Certamente, Estrelícia. Só que os interlocutores aqui, infelizmente, não são as mulheres, mas o seus pais, maridos, tios e restante família alargada. Pelo que, se há um sector da população, nacional ou emigrante, oprimida -- porque é disso que se trata -- o estado não deve cruzar os braços e tolerar estes e outros abusos nas suas barbas. Se chegámos aqui, não foi por excesso de tolerância, parece-me, mas simplesmente por alheamento ou indiferença, que se manteve até já não nos ser possível ignorar o que se passava ao nosso lado.

Mónica disse...

"quem tá de fora não racha lenha" que tal uma viagem a tras-os-montes e ver o mulherio de lenço na cabeça enfiando os dedos pra disfarçar a coceira da falta de higiene, calor sofucante e gordura capilar, hem??? a mim tb me parece q estas mulheres sao mto oprimidas

LOL

se os males do mundo e da frança estivessem no uso ou não uso do véu ou de um lenço é que era fixe!

Ricardo António Alves disse...

Lembro-me de, certo dia no Gerês, estar a uma distância (que eu julgava) segura duma indígena, até uma brisa traiçoeira me agredir violentamente as ventas. Mas para ver mulheres oprimidas nem é preciso sair de Lisboa. Só que eu respondi ao questionário do Sunday Times, que de Trás-os-montes apenas deve ter ouvido falar das mães de Bragança...
O meu ponto de vista é este: detesto ver mulheres obrigadas a ocultar o cabelo, a cara, os olhos, as mãos, os pés, o rabo, em nome de princípios como os da autoridade, da religião, da decência -- como detesto tudo o que atente à liberdade individual, desde que não colida com a liberdade de outrém.
Quanto aos males da França e do mundo, enfim, não me atrevo a diagnosticá-los -- mas por acaso até me parece que a França está com dificuldades de que continuaremos a ouvir falar ainda por muito tempo, e de forma pouco apaziguadora, receio.

Mónica disse...

o que quero dizer é: não me meto a comentar os usos e costumes de outras culturas.
prefiro comentar/criticar/defender os da minha cultura

Ricardo António Alves disse...

Certo, Mo, as «outras culturas» são tão importantes como a «nossa» cultura. É assim e é desejável. Mas há aqui duas questões: em primeiro lugar, umas e outras não só coabitam, como se interpenetram, na sociedade e na vida, basta existirem casamentos entre duas pessoas de culturas diferentes, o que, outros motivos não houvesse, levaria a encarar determinados problemas já não como problemas dos outros, mas igualmente nossos.
Por outro lado, mesmo que não existisse essa natural e saudável miscigenação, haveria outra questão, que é a dos valores universais como a liberdade ou a igual dignidade das pessoas, independentemente dos géneros -- valores que não podem prescrever aqui nem na Arábia Saudita, que não podem, sobretudo, prescrever aqui...