sexta-feira, julho 15, 2005

A SELVA como expressão das ideias libertárias de Ferreira de Castro (7)

Alberto já conhecia, da sua permanência no Pará, aqueles nomes que os colonizadores portugueses transportaram, outrora, para longínquas plagas, juntamente com arcaicas peças de artilharia e uma sôma formidável de ambições. Contudo, agora, a recordação dêsse passado, que a distância cobria de fausto e de heroismo, sabia-lhe bem, adoçava-lhe os lábios, a alma era como uma íntima, uma silenciosa vingança contra a indiferença que cearenses e demais matulagem revelavam pela sua condição de civilizado.
Quando estava em Portugal, o passado surgia-lhe apenas em exemplo político a seguir, em lição que urgia decorar e manter para felicidade do país. Mas era só riqueza colectiva o que êle encontrava no luzimento pretérito da raça, de que dava notícia a história. Não a sentia nem a gosava individualmente. [...]
Com o seu desdem pelos rebentos dos descobridores, os brasileiros com quem êle convivera tinham-no levado a um exacerbado patriotismo. [...]

Cap. II, 1ª ed., p. 41.

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