Setenta mil pessoas da região do Ceará que, por causa de uma seca repentina, têm de abandonar os seus domínios, são engajadas ou, falando-se com mais sinceridade, compradas pelas companhias, e de Belém enviadas rio acima, em embarcações, para aqueles ermos. É que vai começar um terrível sistema de exploração naquelas regiões, que distam tanto das leis e da vigilância quanto outrora os vales auríferos de Minas Gerais. Embora não sejam escravos, esses seringueiros praticamente são mantidos em escravidão, por contratos de trabalho e pelo facto de os empresários, ainda não satisfeitos com o lucro obtido na borracha, venderem a esses infelizes trabalhadores, presos no «cárcere verde» da floresta virgem, os artigos e os víveres de que eles precisam, por preços quatro a cinco vezes superiores ao seu valor. Quem quiser conhecer todos os pormenores do horror desse período, leia o admirável romance de Ferreira de Castro, que, com grandioso realismo, descreve essa vergonhosa época.
Brasil, País do Futuro
(tradução de Oldilon Galotti)
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