Nesta Quaresma, em Paris, na Madalena, igreja rica de burguesia rica, o ardente pregador dos dominicanos, o padre Didon, exclamava com santa cólera: -- «Quando vejo uma criancinha em farrapos, que chora com fome, odeio, como Jesus, meu amo, e como Ele amaldiçoo todos os repletos e todos os fartos!» E na nave da rica igreja, atulhada de repletos e de fartos, passou um longo frémito, como se, ante os farrapos e os choros da fome evocados, todos os corações concorressem no ódio e na maldição do nobre dominicano! Daí a dias Ravachol lançava a sua segunda bomba. E entre todos os repletos e todos os fartos foi grande o temor e grande a grita... Temor de quê, -- de Ravachol? Não. Temor da emoção que, na Madalena, os impelira a compartilhar a maldição do padre Didon, que, no seu púlpito e sob o seu hábito, era já Ravachol -- menos a irracionalidade e menos a nitroglicerina.
Primeiro de Maio
(edição de A. Campos Matos)
3 comentários:
Vou para a Escócia *s
A sério.
So make sure that you'll drink the stars, there...
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