quarta-feira, fevereiro 08, 2017

microleituras

Poesia elegante e culta, de uma altivez que não se confunde com soberba, antes bordão para as encruzilhadas e passos em falso da existência, sempre condenada ao fracasso  do fim.









um poema

DA DENSIDADE E DA TRANSPARÊNCIA

Vai-se formando de tudo a densidade
mãos que apertamos olhos fulvos
que algum dia se entornaram verdes
e de tão verdes anémonas sem fundo.

E de tudo também a transparência
em breves segundos se insinua
como aqueles corpos que fugindo
o nosso olhar e desejo desabitam.

Em desafio ao sol a todas as estrelas
numa ronda de encontro e despedida
vai a roda da vida nos passando.

Por mais vigilantes e atentos ao acaso
algo de nós foge com a única promessa
de a luz que vemos não acabar nunca.

José Carlos González,  Biofonia seguido de Astrolábios  e A Mão Imediata, 2000 (?)

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