quarta-feira, janeiro 27, 2010

História e ponto de vista

Ainda no JL (uf!), Luís Bigotte Chorão, autor de A Crise da República e a Ditadura Militar (Sextante), a Rita Silva Freire: «A historiografia não serve para agradar às direitas ou às esquerdas. Nem para as provocar. Serve para reconstituir a verdade histórica, que não deve servir quaisquer outros objectivos. (...) É necessário ter uma perspectiva, que deverá servir apenas à verdade e ao rigor. Porque a História é uma ciência.»
Como não concordar com quase tudo? Embora eu discorde da História como ciência: há sempre o ponto de vista autoral, e portanto subjectivo. A História é uma narrativa, não é um relatório; e como narrativa que é, há sempre um sujeito que a redige; alguém que por muito sério e rigoroso, não consegue eximir-se à sua subjectividade. A subjectividade que o leva a interessar-se pelos concelhos medievais e não pelo absolutismo ou a revolução liberal em vez da inquisição: há sempre um fascínio ou uma repulsa que impelem o nosso interesse ou, mais importante, o nosso desinteresse.

5 comentários:

Ana Paula Sena disse...

Também reconheço que a subjectividade está sempre presente, sobretudo a este nível, o da História.

Agradeço todas as notícias assinaladas. Gosto do seu Jornal, e dos seus apontamentos. Não é demais (re)dizê-lo.

Um abraço :)

A disse...

Para mim, há sempre subjectividade na actividade académica/científica. Desde logo na selecção/disponibilidade das fontes; no tempo possível para as escrutinar; etc...
O que fará a diferença será, sobretudo, a honestidade com que ela é assumida, associada ao rigor e ao profissionalismo no desempenho

Ricardo António Alves disse...

Ana Paula: é uma inevitablidade.
Obrigado, como sempre :|

Aust.:é verdade, ainda há esses constrangimentos todos...
Ab.

Mónica disse...

100% de acordo, mais uma vez.
e ainda digo mais, até um relatório tem o cunho de quem o escreve.

Ricardo António Alves disse...

Acredito, Mónica :|