AOS AMIGOS QUE PARTIRAM
Agora, o botequim é outro...
Do violinista, os gestos que faziam música sensual para as mulheres
Tornaram-se atrevidos e explícitos,
E nos olhos delas está bem claro o desejo.
As notas de música vão a todos os cantos da sala,
Mesmo ao nosso, onde pára agora uma mulher triste como uma saudade...
Os homens erguem mais as vozes para combaterem a guerra,
E defendem a paz com um ódio de morte nos rostos contraídos.
As ordens são dadas de mais longe e mais alto:
Partiu-se aquela solidariedade que fazia todos iguais.
Os humildes já não entram, que as luzes são mais fortes
E as sombras fugiram lá para fora, onde a noite é mais nocturna...
Sim, falta qualquer coisa que se foi convosco...
Falta o nosso sonho que andava de alma em alma
E se alargava no ar como o fumo dos cigarros...
A Vida É o Dia de Hoje
(retrato por António Carneiro)
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