quinta-feira, julho 09, 2009

Antologia Improvável #387 - Fernando Assis Pacheco (3)

PESO DE OUTONO

Eu vi o Outono desprender suas folhas,
cair no regaço de mulheres muito loucas.
Cem duzentas pessoas num café cheio de fumo
na cidade de Heidelberg pronta para a neve
saboreavam tepidamente a sua ignorância.

Eu vi as amantes ensandecerem
com esse peso de Outono. Perderem as forças
com o Outono masculino e sangrento.
Os gritos a meio da noite
das amantes a meio da loucura voavam
como facas para o meu peito.

Alguns poetas li-os melhor no Outono,
certos amores só poderia tê-los,
como tive, nos dias doces da vindima.


Cuidar dos Vivos / A Musa Irregular

4 comentários:

Ana Paula Sena disse...

Talvez a estação mais bela de todas. Dita num tom bem sentido pelo Assis Pacheco.

Sem dúvida, muitas coisas fazem-se melhor no Outono :) Ainda que agora me apeteça o Verão, ler e concentração é mais depois...

... na excelente companhia de Charles Mingus!

Ricardo António Alves disse...

Eu também sou muito outonal.
A música do Mingus também o é, mas foi coincidência :|

-JÚLIA MOURA LOPES- disse...

nao sou outonal, mas gosto do poema, é um dos meus preferidos de Assis Pacheco

Ricardo António Alves disse...

Suponho-a mais estival, Júlia.