Cul-de-Sac, de Roman Polanski (Reino Unido, 1966). «Homenagem Roman Polanski».
O primeiro que vi do Polanski foi o deslumbrante «Tess», no desaparecido Cinema Palácio, no Estoril, e tive pena de não o rever nesta homenagem que o EFF organizou. Polanski é uma figura trágica (assistiu à morte da mãe, abatida à queima-roupa por um militar nazi; a mulher, Sharon Tate, morta de forma macabra com um filho seu no ventre; o caso de abuso de menor que ainda o persegue...) e também é um dos maiores cineastas do nosso tempo e, se calhar, da história do Cinema (deixo isso aos especialistas). O seu texto publicado no Catálogo -- não sei se escrito propositadamente para --, intitulado «O cinema é uma luta, é guerra» é exemplar na lucidez e na fibra que demonstra. Algo assim só pode ter saído da pena de um criador de excepção.
Nunca vira o «Cul-de-Sac», uma comédia de reféns, um «beco-sem-saída» em que se metem dois foras-da-lei, e que não acaba bem para eles. Donald Pleasence estupendo como industrial retirado para o seu castelo na Escócia, ao lado da espampanante Françoise Dorléac; a Pleasence e ao inefável Lionel Stander se deve o mais hilariante do filme (se o João Bafo-de-Onça tivesse figura humana, seria a de Stander...).
5 comentários:
:( Acabei por não ver neste festival nenhum filme do Polanski. Por isso, gostei ainda mais de ler o seu testemunho. E, sim, concordo inteiramente consigo, é um dos maiores cineastas contemporâneos.
Um abraço.
Outro :|
por acaso sou fã de polanski e luto comigo pp pq n consigo ser sensível às graves acusações q lhe pesam. n conheço este filme, a PB, só mm os que era obrigada a ver na RTP :DDD
Do R. Polansky não posso esquecer "A Semente do Diabo", com a fabulosa Mia Farrow, e o extraordinário "Por Favor Não Me Morda o Pescoço" - filmes vistos aí por 1970 ou 1971. Na altura, em Moçambique, acompanhei muito o Manuel Machado da Luz, que foi, salvo erro, crítico de cinema da "Seara Nova". Os "Cahiers du cinéma" eram de leitura obrigatória. Estive quase a tornar-me um cinéfilo. Por estranho que pareça, o cinema acabou para mim em 11 de Janeiro de 1986, data de nascimento do meu filho. Dá para compreender, penso eu.
Mónica: essa é uma estória que tem muito que se lhe diga, não sendo o Polanski o único mau da fita; e nem talvez o pior. Mas ele podia ser o último dos miseráveis, que isso seria sempre irrelevante para a sua obra. Sempre houve muito canalha genial...
Manuel: percebo, meu caro. Não estará na altura de retomar?
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