Um dos livros da minha vida é A Guerra do Fim do Mundo, do Mario Vargas Llosa. A propósito da história de António Conselheiro e das campanhas militares de Canudos, um dos episódios mais dramáticos, sangrentos, fantásticos e fanáticos da história do Brasil, o escritor peruano cometeu o feito de evocar (e, de alguma forma, emular) com sucesso essa obra-prima da literatura brasileira e da língua portuguesa que é Os Sertões, do Euclides da Cunha. Quer um quer outro, já passaram por aqui, e hão-de voltar.
Por razões obscuras, e apesar de ter gulosamente as Travessuras da Menina Má numa pilha prioritária, nunca li a outra ficção sua. Mas -- para além de ensaios dispersos -- recordo-me de às sextas-feiras, no DNA, creio, devorar-lhe as crónicas.
Por razões obscuras, e apesar de ter gulosamente as Travessuras da Menina Má numa pilha prioritária, nunca li a outra ficção sua. Mas -- para além de ensaios dispersos -- recordo-me de às sextas-feiras, no DNA, creio, devorar-lhe as crónicas.
Neste dia em que lhe foi atribuído o Prémio Nobel da Literatura, quero frisar que, do pensamento político e ético do autor de A Tia Júlia e o Escrevedor (vi o filme...), se extrai uma lucidez , uma argúcia e uma finura que é timbre dos grandes intelectuais: alguém que não se deixa encantar pelas utopias revolucionárias que, q.e.d. (URSS e Satélites; Fidel Castro a apodrecer no poder, em Cuba; capitalismo selvagem envergonhado de partido único, na China; a tirania mais grotesca e desprezível na Coreia do Norte), se perverteram; mas que, reconhecendo a até hoje inultrapassável superioridade dos sistemas demo-liberais, no que ao Ocidente (e não apenas) diz respeito, foi (e creio que continua a sê-lo, apesar de já não o ler com regularidade há muito tempo) crítico deste mercantilismo despudorado que nos trata a todos como potenciais consumidores de mercadorias, antes de nos considerar como pessoas.
6 comentários:
Grande texto seu, RAA.
Bondade sua, Ana Paula. Obrigado.
"O Elogio da Madrasta", fora de todo este registo, li-o nas férias. É um poema, e o mais que se quiser... Se calhar até era um livro bom para o Clube de Leitura
(?).
Abraço,
Provavelmente, meu caro. Logo no início levei as «Travessuras», mas ninguém lhe pegou.
Abraço também.
Seria por mero acaso que muitos não concordaram com a atribuição do prémio?
É provável, mas, à esquerda e à direita, só tenho lido louvores.
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