Com a vitória do candidato «pró-europeu» à presidência da Sérvia, veremos em que moeda vão pagar aos sérvios quer a UE quer os Estados Unidos.
A vitória foi escassa, 130 mil votos, mas não deixa de aliviar aqueles que no Ocidente se preparam para sancionar uma das maiores vigarices da política internacional dos tempos actuais.
O Kosovo é, como se sabe, uma província histórica da Sérvia. O problema kosovar foi criado por Tito -- um croata -- que, com o propósito de minar a preponderância sérvia na federação iugoslava, tira da cartola a criação de duas regiões autónomas -- o Kosovo e a Voivodina, a sul e a norte, respectivamente, e a segunda com uma forte minoria húngara --, regiões essas que passaram a ter representação no conselho federal com peso igual ao das restantes repúblicas. Deste modo, pensava Tito, haveria um maior equilíbrio, cortando-se eventuais veleidades à concretização duma Grande Sérvia.
Daqui resultou que uma província que, pela sua localização geográfica fronteiriça, concentrara um grande número de albaneses se veja, com a fragmentação iugoslava, no centro dum conflito étnico, em que os sérvios se tornam minoritários numa parte do seu próprio país.
O resto é o que se sabe. Do ditador Tito, que retalha o país a seu talante (outra das suas grandes asneiras, de consequências nefastas, foi a concessão de um estatuto nacional aos sérvios e croatas muçulamanos da Bósnia-Herzegovina...), ao comunista-nacional-demagogo-populista Milosevic.
Não há dúvida de que a Sérvia -- tornada bode-expiatório da crise iugoslava -- tem de sofrer as consequências de se ter posto sob as ordens de Milosevic. Mas é inaceitável que tal seja feito à custa do bom senso mais elementar, que é o de conceder "independência" a um território que será um estado inviável, necessitando de tutela internacional sob pena de se tornar um cóio de ladrões, traficantes e terroristas (mais do que já é), à custa da humilhação de uma nação inteira.
Se a Europa sancionar esta solução, como parece querer a Alemanha, não estará a resolver nenhum problema, mas sim a adiar uma nova guerra nos Balcãs. Consequências dela? Nem ouso antecipar.
2 comentários:
Há uma interpretação diferente dos propósitos de Tito, que apesar de Esloveno-Croata é tido como serventuário da hegemonia de Belgrado: fazer a Sérvia dispor de três votos no orgão federal de cúpula, assim como uma Ucrânia e Bielorrússia na ONU, ao tempo da União Soviética.
Quanto à asneirada da UE, já se sabe.
Ab.
Eu essa não conhecia, mas parece-me pouco plausível. Ab.
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