A tal escada ao fundo ainda era mais abominável do que as outras, os degraus todos empenados, as paredes viscosas, como que encharcadas por um suor de angústia. Em cada patamar os canos sopravam um hálito de peste, e de cada habitação saíam queixumes, questões, um horroroso nojo de miséria. Uma porta bateu, apareceu um homem, arrastando uma mulher pelos cabelos, enquanto três rapazes choravam. No andar superior, foi num quarto entrevista apenas a visão duma rapariga muito enfezada, a tossir, com a garganta já atacada, passeando violentamente uma criancinha de mama, para a fazer calar, desesperada por já não ter leite. Depois, foi ainda, num aposento ao lado, a vista pungente de três criaturas, meio vestidas de andrajos, sem sexo nem idade, que, no meio da nudez absoluta do quarto, comiam glutonamente, pela mesma tigela, uma mistela que os próprios cães teriam recusado. Mal levantaram a cabeça, rosnaram e não responderam às perguntas.
Paris
(tradução de Pandemónio)
2 comentários:
o germinal e a mãe do gorki são dakeles livres de realismo q ficarão para sempre nu meu coração!!
www.motoratasdemarte.blogspot.com
O Germinal é uma obra-prima; A Mãe parece-me excessivamente panfletária.
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