SENTIDOS
Parou, recolheu a areia entre os dedos
que deixou escorrer como cascata breve.
O horizonte ardia-lhe nos olhos à distância
de focagem dos oásis, quando o sol destila miragens
no desespero do poema.
Ergueu-se, navegou os sentidos pelas dunas
pelos répteis que se refugiavam
nas sombras mínimas da rebentação da luz.
Teve sede, espremeu o cantil.
A última gota de água escorreu-lhe pelo peito
numa estranha agitação de nascente.
Retomou os passos dos negreiros, pensou nos
passos dos negreiros, longas caravanas como
chicotes sinuosos. O passado estalava sobre
os corpos doridos e sedentos. Não sabe
se caiu se o arrastaram delirando.
Agora o poema põe-no sob tamareiras
onde Deus dá guarida aos profetas.
Bebe água fresca de sombra nos riachos.
Come tâmaras maduras. Os beduínos
de bronze encaminham-no à terra
da promissão
Voltei à Casa Pequena
terça-feira, janeiro 08, 2008
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