A última viagem papal foi um êxito assinalável, não só para o Vaticano como para o mundo islâmico moderado e também para o Estado turco.
A visita, que decorreu num tom de grande cordialidade (a irrelevância dos extremistas islamo-nacionalistas (!) foi notória), revelou a possibilidade de um diálogo assente no mútuo respeito e consideração.
A Santa Sé conseguiu aligeirar a pressão orquestrada por aqueles que no Islão estão interessados na destruição do Ocidente, da laicidade, das sociedades liberais e das influências destas nos territórios que consideram dever estar sob os seus ditames. Neste particular, o exemplo das autoridades religiosas turcas veio mostrar à chamada «rua muçulmana» (não propriamente a rua turca, antes algumas ruelas árabes) que nem tudo passa obrigatoriamente pelos «morras» ao que lá é percepcionado por Ocidente.
O inteligente sinal político que o Papa deu a respeito da adesão da Turquia à UE teve o benefício de atenuar o desastre que é a ausência de uma política de Bruxelas em face dessa adesão que está em cima da mesa, e que não se compadecerá com muito mais manobras dilatórias, sob pena de, perante uma humilhação estúpida, a Turquia voltar as costas à UE, o que seria trágico. Entre os receios alemães (até certo ponto compreensíveis dada a enorme colónia emigrante turca existente no seu território), a abjecção francesa, que tem o caos instalado em casa, e que não quer turcos nem polacos e se pudesse despachava expeditamente os bons dos portugueses no sud-express, e a atitude construtiva de Blair, o gesto de Bento XVI foi de grande agudeza, e com a possibilidade de um mais positivo desenvolvimento futuro desta questão.
2 comentários:
Não tens hipóteses, com Chipre a fazer de mau, Sua Santidade não precisa de pregar posturas inflexíveis.
Abraço.
Ora essa Jane, comentário pertinente! Até breve.
Chipre, que coisa tão mal conduzida, por todas as partes...
Não me parece, porém, que a situação se possa manter, se outras forem desbloqueadas.
Abraço.
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