CASTELO DE SANTA MARIA DO BOURO
O claustro caiu há muito. O abade seguiu o partido
do Mestre, levou 600 homens para a defesa da fronteira.
Arcos de volta perfeita, as colunas
resistem.
Bernardo, peregrino, visita as casas de Cister.
Está sentado, ao fim
do dia de janeiro, numa das lajes
que ladeiam a levada. Os pés em balanceio no
fio dessa água que divide
a quadra antiga -- fetos
e avencas. O laranjal inscreve no granito um ritmo que se desdobra
no ocre da parede, na esquadria de ferro do tecto.
No extremo do longo corredor, Bernardo, o monge, o vencedor [do duque de Aquitânia
um dos seus dedos segue o rosto limpo, a ossatura de um
crânio, o azul de vazada órbita
os pêlos da barba a espaços
impresso o lábio vagaroso
a água percorre o rigor, outrora, do claustro -- e o fogo
lume de janeiro.
Castelos -- I a XXV
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