domingo, outubro 29, 2006

Antologia Improvável #174 - José-Alberto Marques

COMO AS MÃES

Invoco musas, as mulheres minhas músicas.
Do silêncio invoco o estertor do som quando fala.
Percebo o essencial da música dodecafónica.
Exijo um bar para meter dentro dos cadernos da memória
Sonoridades, textos, agressões, olhos, mundividências, ossos.

Estou repartido, quando a noite cresce, entre bebedores de lume
Ácido
E a minha entrega aos reais bebedores
Matinais.

São diferenças de textos e de almas, de serenidades
E longos percursos de leituras.

Em sorte nada cabe.

Pela tarde eu hesito nos ápodos, nas formas, nos tailleurs.
Nos lábios que aquecem a ternura.

Há vestidos loucos e bâtons
Que avermelham o rosto à procura de lábios tintos.

Prefiro os teus olhos. É o caminho que persigo.

Sísifo.

Dói de mente,
Destrói-se o insignificante.
Que morrer é a metáfora do olhar.

Como as mães.

Para a violência do silêncio.

Hiperlíricas

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