Um interessante artigo de Antônio Paim, publicado no Público de hoje, reflectindo sobre os efeitos perversos do multiculturalismo, nomeadamente o da guetização das comunidades islâmicas nas sociedades ocidentais, veio recordar-me que a tolerância religiosa sendo uma conquista civilizacional conceptualmente adquirida, não deve ser considerada «um valor supremo».
Isto parece-me evidente, pois quando uma prática religiosa atenta contra a dignidade individual ou colectiva deverá ser combatida sem tréguas.
Neste particular, a famigerada burka (sem esquecer o tchador, apesar de tudo menos ignominioso), que cada vez mais se vê por aí, é ultrajante. Andar por algumas capitais europeias, torna-se um exercício penoso, porque sabemos que aquelas mulheres estão fortemente condicionadas -- apesar da tagarelice desavergonhada dos círculos islamitas.
Não há culturas de primeira nem de segunda, sabêmo-lo há muito -- mas há mais tempo que sabemos não haver géneros superiores. Por isso, afigura-se-me que uma das principais acções da cidadania europeia deve ser a de erradicar esta opressão bárbara cometida diante dos nossos olhos e com a nossa passividade. Não posso sentir-me livre se os meus concidadãos -- ou aqueles que não o sendo vivem à minha volta -- o não forem também. É uma premissa essencial. Daí que a erradicação deste ranço religioso -- que, aliás, começa a contagiar o discurso público de algum catolicismo -- seja um desígnio (um combate, apetece escrever) vital para a preservação de coisas tão importantes, como a própria paz social, sob pena de ficarmos, a prazo, reféns do extremismo -- religioso, mas também étnico; islâmico, mas também fascistóide --, com o cortejo da sua consabida bestialidade.
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