Depois do interessante projecto de investigação antropológica dos restos mortais de D. Afonso Henriques (sem contar com o anedotário burocrático...), leio que uma equipa de arqueólogos da Universidade do Minho pôs a descoberto a basílica de S. Martinho de Dume, «o apóstolo dos suevos» (século VI), um dos autores fundamentais do cristianismo peninsular, cujos escritos são, em alguns casos, uma preciosa fonte para o conhecimento dos povos daquela região do noroeste.
Em Portugal há grandes arqueólogos, como Cláudio Torres, Luís Raposo, há os que sujam as mãos no terreno, batem-no ao longo dos anos, conhecem cada acidente, cada afloração, como sucede com Guilherme Cardoso, autor da Carta Arqueológica do Concelho de Cascais, entre outros; e depois existe uma cáfila que se ocupa de ninharias, de porcarias, repartida por grupos de intriguistas à cata de subsídios, e que gastam as energias torpedeando-se uns aos outros.
Se isto é sinal de que estamos a dar o salto para um outro patamar de investigação, excelente.
4 comentários:
O Cláudio Torres também foi muito crítico da abertura do túmulo de D. Afonso Henriques, em que não vejo interesse algum.
Abraço.
Não sabia dessa, e até gostava de conhecer os argumentos dele. Ao contrário daqueles que acham que se está a perpetrar uma espécie de profanação, eu julgo que esta é também uma forma de honrar a sua memória. O D. Afonso Henriques e outras figuras históricas estão-nos de tal forma impregnados que a sua realidade material, está muito para além deles. Que pena não haver corpo de Camões para suscitar discussão semelhante... Abraço.
Ainda ninguém me disse o que espera descobrir. A notícia sobre o CT veio ou num «DN», ou num «PÚBLICO» dos últimos dias, em que era contraposto o posicionamento dele ao do Mattoso, que era partidário da abertura.
Abraço.
Além duma quantidade enorme de elementos, que podem confirmar ou não o que julgamos saber dele, e ainda outros dados mais gerais, a possibilidade da reconstituição da vera visagem do homem é algo que não nos podemos permitir falhar. Até por ele próprio, farto de ser representado com caras emprestadas, ao contrário dos seus descendentes ilustres, a partir do D. João I, que puderam beneficiar do avanço da técnica do retrato. Imagina que ocorria o milagre da descoberta do túmulo intacto do rei Artur, à maneira dum Tutankamon alto-medieval. Deixávamo-lo estar? É o deixavas!...
Quanto ao Cláudio Torres, continuo sem perceber, até porque ele, como arqueólogo, já deve ter escavado em cemitérios, já deve ter "devassado" muitos túmulos seculares, como sucede com qualquer pessoa do ramo...
Abraço.
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