Há cerca de dez anos, visitei o Centro Cultural Manuel de Falla, em Granada, integrado num grupo de trabalho. O dirigente da instituição guiava-nos pelas magníficas instalações, quando, sem que o esperássemos, abriu uma porta, deparando-nos então com um grande anfiteatro cheio de crianças granadinas do ensino primário, assistindo a um concerto pedagógico realizado pela sinfónica local. Em Granada, que não é a primeira nem a segunda ou a terceira, sequer a quarta cidade de Espanha. Fui nessa altura tomado por uma grande incomodidade interior ao confrontar-me, por contraste e sem preparação prévia, com a nossa paupérrima realidade.
Vem isto a propósito da notícia das últimas horas sobre Maria João Pires e o seu auto-exílio no Brasil. Poderia agora desenvolver o tema nos seus vários aspectos, mas não tenho pachorra. A verdade é que Portugal é um país sem élites -- e isso sente-se dolorosamente no dia-a-dia, em cada dia, todos os dias. «Somos um país que não presta.» -- parece ter sido o desabafo de António Victorino de Almeida à Antena 1. Terrível, mas tão próximo da mais crua verdade...
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