sábado, fevereiro 25, 2006

Antologia Improvável #106 - Júlio Dantas

VILANCETE

Como quereis que me ria,
Corpo de ouro, se vos digo
Que trago a morte comigo?

Vir um dia a apodrecer,
Se é destino de quem vive,
Outro destino não tive
Desde a hora de nascer:
Como não hei-de sofrer,
Corpo de ouro, se vos digo
Que trago a morte comigo?

Na dor de todo o momento
Meus dias tristes se vão,
E só tenho a podridão
Em paga do sofrimento:
Sombra de contentamento,
Como a terei se vos digo
Que trago a morte comigo?

Nada / Líricas Portuguesas, 2.ª Série
(edição de Cabral do Nascimento)

3 comentários:

Maria Noronha disse...

e é este o "morra o dantas"?

Ricardo António Alves disse...

É verdade, Maria. Pim!

Ricardo António Alves disse...

Abraços também para você, Alessandro!