sábado, fevereiro 11, 2006

Correspondências #33 - Bernardino Machado a Afonso Costa

Meu querido Amigo
No momento em que se torna necessário dar uma nova forma à união dos exilados para integrarmos nela os nossos correligionários recentemente vindos para França, cumpro, deveras reconhecido, o dever de lhe significar, e aos seus dignos colegas quanto me foi grata a camaradagem patriótica que, na perfeita solidariedade com os outros delegados, VV Ex.as me dispensaram nos trabalhos que nos coube realizar para o restabelecimento das livres instituições democráticas entre nós.
Escuso de acrescentar com que empenho desejo ver constituída o mais breve possível a nossa união dos exilados de Paris. Tanto estou certo de que os seus membros continuarão a tradição de manter a estima e generoso civismo que os delegados à nossa precedente união demonstraram sempre em todas as reuniões que tive a satisfação de presidir, sendo os nossos votos aprovados e executados honrosamente pela Liga de Defesa da República e pelo Grupo do Partido Republicano Português sem olharem a sacrifícios.
Aceitem VV. Ex.as os protestos da minha maior dedicação.
Saúde e Fraternidade
(a) Bernardino Machado
Paris, 24-12-928.
In A. H. de Oliveira Marques, A Unidade da Oposição à Ditadura -- 1928-1931

2 comentários:

Paulo Cunha Porto disse...

Uma chapelada do vira-casaca.

Ricardo António Alves disse...

Deixa estar, que ele pagou bem por isso: do derrube ao exílio, passando pela residência fixa quando em 1940 teve de regressar de França. Pelo menos, não lhe aconteceu o mesmo que ao Cortesão: apesar da amnistia dos centenários, mal chegou (na companhia do Bernardino, aliás) foi logo dentro... E uns meses depois para o Brasil. Grande Jaime!