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É só para dizer que o debate ontem correu muito bem, a ambos. Sereno e elegante para com Cavaco, político na acepção mais elevada, Alegre tem à esquerda os seus reais adversários. Terá de arrumar com Soares, evidenciando como a candidatura deste é politicamente aberrante num estado moderno e europeu; provavelmente, até ao dia do debate o próprio Soares já terá percebido que o país há muito perdeu a pachorra para gramar outra vez a sua magistratura de influência. Chega. Alegre terá também que pôr Jerónimo no sítio e, se for preciso, perguntar-lhe onde estava antes do 25 de Abril, para ver se o diligente secretário-geral, que anda há um ano a pastorear o rebanho, encaixa; e finalmente mostrar que Louçã é um produto marginal e suburbano, uma espécie de irritação cutânea, por enquanto nada de muito sério que não passe com uma pomada bem aplicada. Uma palavra para Cavaco: terá sempre as suas insuficiências, como todos nós, mas em dez anos ganhou um estofo visível de estadista. Eu também dormirei tranquilo se Cavaco for eleito. Mas, para já, estou com o Manuel Alegre.
É só para dizer que o debate ontem correu muito bem, a ambos. Sereno e elegante para com Cavaco, político na acepção mais elevada, Alegre tem à esquerda os seus reais adversários. Terá de arrumar com Soares, evidenciando como a candidatura deste é politicamente aberrante num estado moderno e europeu; provavelmente, até ao dia do debate o próprio Soares já terá percebido que o país há muito perdeu a pachorra para gramar outra vez a sua magistratura de influência. Chega. Alegre terá também que pôr Jerónimo no sítio e, se for preciso, perguntar-lhe onde estava antes do 25 de Abril, para ver se o diligente secretário-geral, que anda há um ano a pastorear o rebanho, encaixa; e finalmente mostrar que Louçã é um produto marginal e suburbano, uma espécie de irritação cutânea, por enquanto nada de muito sério que não passe com uma pomada bem aplicada. Uma palavra para Cavaco: terá sempre as suas insuficiências, como todos nós, mas em dez anos ganhou um estofo visível de estadista. Eu também dormirei tranquilo se Cavaco for eleito. Mas, para já, estou com o Manuel Alegre.
2 comentários:
Eu acompanhei esta última eleição do Lula com grande atenção, inclusivamente os debates, em particular com o Serra, que me parecia um político na linha do FHC. Eu tinha (e como não estou nada por dentro do que realmente se passou com a história do «mensalão», para além do ruído mediático, continuo a ter) grande admiração pelo Lula, pelo seu percurso e persistência. O que houver de revelações futuras que venham a infirmar essa ideia que eu tenho dele, será motivo de grande perplexidade e decepção para mim. Quanto ao PT propriamente dito, não é de espantar, numa organização que já tomou o poder há vários anos; é da natureza das coisas... Um abraço.
Não chega ficar triste, é verdade. Mas vocês, depois do drama Tancredo, daquela palhaçada que foi o Collor mais o cinzento do Itamar, realmente precisavam de muitos anos de FHC, Serras sérios mas também (julgo eu) de Lulas que tentassem inverter um pouco essa situação de grande potência, qualquer dia membro permanente do Conselho de Segurança da ONU, mas com milhões de crianças abandonadas nas ruas. Isto é: não sei até que ponto é que o Brasil não precisava de alguém que tivesse a autoridade moral para fazer uma revolução que não levasse a uma maior fuga de quadros para o exterior mas que invertesse a tendência de pauperização da população. (Atenção: estou a falar de cor: não sei se os indicadores mostravam que isso vinha sendo conseguido; empiricamente, claro que não é essa a percepção comum.) Esse alguém, pelo seu percurso, parece-me que só podia ser o Lula. Se ele desperdiça (ou já desperdiçou) todo o capital que lhe permitia fazer um mínimo de reformas sem comprometer o futuro, nem marcar passo, é mais outra desgraça. Como é que vocês, brasileiros, aguentam?
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