2.º SOLILÓQUIO
Quem saberá o que vale a pena
Se os mortos se amortalham em segredo;
E o que dos astros vem nada diz,
E os vivos ignoram ou escondem,
Para além da curva do céu,
O que nem o tempo nem o amor
Pode sarar.
Ah, se a morte vale a pena,
Nem os mortos o dizem!
E mudos são o pranto e o luto
E a flor que dedos convencionais desfolham
No mausoléu impessoal e réplica d'outros.
E a Morte,
Como primavera de negro, dominando o pomar,
Ano após ano,
Nada responde.
Flora e Fauna
In Ana Hatherly, Caminhos da Moderna Poesia Portuguesa
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