NOCTURNO
Eram, na rua, passos de mulher.
Era o meu coração que os soletrava.
Era, na jarra, além do malmequer,
espectral o espinho de uma rosa brava...
Era, no copo, além do gin, o gelo;
além do gelo, a roda de limão...
Era a mão de ninguém no meu cabelo.
Era a noite mais quente deste verão.
Era, no gira-discos, o «Martírio
de São Sebastião», de Debussy...
Era, na jarra, de repente, um lírio!
Era a certeza de ficar sem ti.
Era o ladrar dos cães na vizinhança.
Era, na sombra, um choro de criança...
Infinito Pessoal / Antologia Poética
terça-feira, dezembro 20, 2005
Antologia Improvável #86 - David Mourão-Ferreira (3)
Etiquetas:
Claude Debussy,
David Mourão-Ferreira
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3 comentários:
Pensar que comecei por fumar cachimbo e gostava tanto...Hoje, já não sei como se faz...
A mim, calão, deu-me cabo da garganta...
"gin, o gelo;
além do gelo, a roda de limão..."
:)
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