segunda-feira, outubro 26, 2020

a arte de começar

«Desde as quatro horas da tarde, no calor e silêncio do domingo de Junho, o Fidalgo da Torre, em chinelos, com uma quinzena de linho envergada sobre a camisa de chita cor-de-rosa, trabalhava. Gonçalo Mendes Ramires (que naquela sua velha aldeia de Santa Ireneia, e na vila vizinha, a asseada e vistosa Vila-Clara, e mesmo na cidade, em Oliveira, todos conheciam pelo "Fidalgo da Torre") trabalhava numa novela histórica, "A Torre de D. Ramires", destinada ao primeiro número dos "Anais de Literatura e de História", revista nova, fundada por José Lúcio Castanheiro, seu antigo camarada de Coimbra, nos tempos do Cenáculo Patriótico, em casa das Severinas.»  

Eça de Queirós (1845-1900), A Ilustre Casa de Ramires (1900, póstumo)

2 comentários:

PNLima disse...

Tive que ir ver o que era a "quinzena de linho". Que belo começo!
Bom dia

R. disse...

Também eu…. Belo começo e rica personagem.
Um bom dia para si também