«Na estação havia apenas um passageiro, esperando o comboio: era um mocetão do campo, que não se movia, encostado à parede, com as mãos nos bolsos, os olhos inchados de ter chorado duramente cravados no chão e ao lado sentadas sobre uma arca de pinho nova, estavam duas mulheres, uma velha, e uma rapariga grossa e sardenta, ambas muito desconsoladas, tendo aos pés entre si, um saco de chita e um pequeno farnel de onde saía o gargalo negro duma garrafa.» Eça de Queirós, A Capital! (póst., 1925)
«O barão circunvagou rápido em torno com a vista, a ver se alguém tinha ouvido, e rodou viscoso para longe, infiltrando-se, anulando-se na massa anónima daquela multidão turbulenta.» Abel Botelho, O Barão de Lavos (1891)
«O escritório do Medeiros, director da Comarca, era escuro e desconfortável; uma vulgar secretária de pinho, dois ou três cadeirões com almofadas de palha, um quebra-luz de missanga na lâmpada do tecto e montes de jornais aos cantos; cheirava a pó como num caminho de estio.» Carlos de Oliveira, Uma Abelha na Chuva (1953)
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