segunda-feira, março 25, 2019

os castelos não protestam -- ou se a Direita é estúpida, a Esquerda é analfabeta, e dá todos os dias disso o testemunho -- ou ainda: foda-se, que é demais

Ao contrário dos artistas plásticos, que foram estender a mão pedinte a António Costa, numa das mais degradantes manifestações de dependência de que há memória, os castelos não falam, não protestam não têm poder nem influência mediática. O mesmo se passa com a generalidade das populações que vivem em seu redor, boa parte no interior do país, pobre e despovoado.
Por isso, o processo de descentralização para as autarquias, sem meios nem massa crítica, e sem um euro associado nessa transferência  de trinta e três castelos, como anunciou o Diário de Notícias, é despudorado e indigente, cultural e politicamente.
Normalmente, o património cultural português degrada-se e afunda-se silenciosamente; a não ser quando permite estadão e espavento, pois a miséria cultural e cívica das elites políticas é um espelho da do povo português, de onde a maior parte foi parida. Não por culpa do povo, é claro, mas das outras elites, que o mantiveram ignaro e desvalido, de que se tem vindo a libertar desde o 25 de Abril, é bom lembrar.
Até agora, a única voz que ouvi a verberar esta fraude cultural foi a de Miguel Sousa Tavares. Costumamos criticar a Direita por não valorizar a cultura do ponto de vista político, rebaixando a pasta de ministério para secretaria de estado; mas para que serve um Ministério da Cultura com uma porcaria de política como esta, a não ser esportular clientelas e influencers (como gosta de dizer a saloiada merdiática)? 
Pior do que ausência de políticas é esta política de se ver livre de empecilhos que só dão chatices, dores de cabeça e não rendem votos. A verdade é que a Cultura com o Governo apoiado pela Geringonça, que também apoio, sem pertencer a nenhum partido, bateu no fundo.

(Por engano, escrevi "Gerinçonça", e fica muito bem, pois é difícil ser-se mais sonso que isto.)  


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