«Cuido não andar longe da verdade se afirmar que a minha Aventura Poética começou aí por volta de 1908, tinha eu os meus oito anos, no dia em que reparei (ou procedi como se reparasse) na existência das palavras, extraídas da vaza da algaraviada comum por homens estranhos, incumbidos da missão especial de dizerem o que mais ninguém ousava.» José Gomes Ferreira, A Memória das Palavras I ou o Gosto de Falar de Mim (1965)
«Mesmo antes de despertar -- um sonho me alvissarou que era hoje; um sonho em contorções e desesperos de pesadelos; seringas que se quebravam nas mãos, agulhas que me fugiam por entre os dedos, frascos de droga que se esvaziavam, por diabólico ilusionismo -- no próprio instante da picada.» Reinaldo Ferreira (Repórter X), Memórias dum Ex-Morfinómano (1933)
«Sentei-me a uma das carteiras e, não tendo coragem de levantar os olhos, fixei-os no abecedário, que crescia e se deformava constantemente.» Ferreira de Castro, «[Memórias inéditas»] (1931)
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