segunda-feira, outubro 28, 2013

Europa: já estivemos mais perto, e mais longe também

Em entrevista ao Expresso, o lucidíssimo Claudio Magris declarou ansiar por uma Europa verdadeiramente federal, como um estado, necessariamente descentralizado: para ele, "a Itália e Portugal [deveriam ser encaradas como hoje o são] a Lombardia e o Alentejo", sonha ele, e eu também, porque sabe que o nacionalismo é a guerra, como diria o Mitterand.
À vista de todos, esse sonho desfaz-se pela prevalência dos egoísmos nacionais e pelo laxismo e mediocridade das lideranças.
Estou pessimista quanto ao futuro desta União; creio que ela terá de ser religitimada (imprescindível, no caso português) por via referendária; e, naturalmente, terá de ser institucionalmente diferente desta, com sistema bicameral, por exemplo). Neste momento, isso é uma miragem. Estamos todos presos ao Euro, e só por milagre (um milagre do Santo SPD, em que não creio) poderia reverter esta hegemonia alemã & outras situações indecorosas, como essa de a Holanda nos sabotar alegremente com a sua favorável taxa de irc, para compunção dos patriotas do psi20.
E estou pessimista porque, mais cedo do que tarde, a extrema-direita, obtusa, nacionalista e xenófoba tomará o poder em França (que será sempre coisa diferente, se tal sucedesse num país pequeno, como ocorreu na Áustria). É claro que uma coisa é o que eles dizem agora, e outra é o que farão. Mas, nessa circunstância, a moeda única estará condenada, ab initio. Depois, até à guerra, será só deixar correr a loucura dos homens.

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