A acção inicial decorre na "Flor da Amazónia". Balbino é um angariador de mão-de-obra para os seringais, percorrendo o sertão do Ceará para recrutá-la. Apesar da seca e da fome, não é fácil convencer o tabaréu a vir sem mais nem ontem trabalhar e viver na floresta densa, cheia de perigos, das feras às sezões, para além dos índios hostis. Alguns arrependem-se à ultima da hora e embrenham-se pela cidade de Belém adentro, ficando o angariador (ou o patrão para quem trabalha) a arder com o já despendido. Por isso Balbino entra furibundo na hospedaria, queixando-se ao dono desta, Macedo. Macedo é tio do protagonista, Alberto, um universitário de Direito, monárquico exilado após um levantamento contra a República em Portugal.
O contexto económico é depressivo, com a queda do preço da borracha nos mercados internacionais. Esta situação de Alberto assemelha-se muito à vivida pelo então pequeno José Maria Ferreira de Castro. Há porém criação ficcional sobre um fundo real. Castro, ao contrário do protagonista, foi para Belém, e em seguida despachado para o Amazonas, com apenas doze anos; e era filho de caseiros, e não, como Alberto, de um oficial lealista do Exército; além disso, com o protector em Belém era mais distante do que a de tio-sobrinho que se verifica no romance.
Em poucos períodos, com assinalável, poder de síntese, Castro dá-nos os dados sociais e económicos, e historicos inclusive, que enquadram a trama e a condicionam, num grande salto em frente em relação ao naturalismo que, em 1930, anos da primeira edição, havia sido deixado para trás
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