quinta-feira, abril 01, 2010

(incon)sequências, (ex)citações

Jorge Amado -- Aqui ressoam os atabaques, os berimbaus, os ganzás, os agogôs, os pandeiros, os adufes, os caxixis, as cabaças: os instrumentos pobres tão ricos de ritmo e melodia. Nesse território popular nasceram a música e a dança: / « Camaradinho ê / Camaradinho, camará.» -- Tenda dos Milagres (1971)
Dinis Machado -- «O quê?», perguntou Mister DeLuxe. «É curioso pensar, disse Austin, passando por cima da pergunta directa, «que o rapaz tirava burriés do nariz quando era pequeno, mas não os comia logo». «Hã?», fez Mister DeLuxe. «Não os comia logo», acentuou Austin, «colava-os à parede para os comer no dia seguinte.» Houve uma pausa. «Gostava deles secos», explicou. -- O que Diz Molero (1977)
Jorge de Sena -- Uma vez, numa aula de filosofia (o professor era um pobre diabo, muito lendário pela degradação intelectual a que chegara, e a quem, certo dia, na indisciplina ruidosa que eram essas aulas, demonstrámos o argumento de Diógenes arrastando todas as carteiras, sentados nelas, para os vários cantos da sala), D. Ramon levantou-se, e objectou que todos os seres vivos tinham alma, o que, segundo as regras da ciência, era uma verdade, e não um ponto controverso de especulação filosófica. -- Sinais de Fogo (1978)

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