domingo, janeiro 10, 2021

os debates (8)

 Ana Gomes-Marcelo Rebelo de Sousa. Uma superioridade visível no debate por parte do actual PR, com o caldo a entornar-se no fim, desnecessariamente, com aquela alusão viperina a Ricardo Salgado, desnecessária além de deselegante. Ana Gomes, mal assessorada, com o fito de marcar uns pontinhos, teve uma atitude em tudo idêntica à do ignóbil Ventura com a alusão a Paulo Pedroso.

Marisa Matias-Tyago Mayan Gonçalves. Talvez o melhor debate de todos. O formato, no entanto é péssimo, e portanto não deu para muito mais para além do que já se sabia.

João Ferreira-Vitorino Silva. O Tino de Rans é uma personagem de quem todos gostam, de uma maneira ou outra. Independentemente das suas ambições mais profundas, se as tem, é um indivíduo interessantíssimo e desarmante. Acho que nunca vi o João ferreira tão risonho como hoje...

O formato dos debates foi péssimo, meia hora para debater é indigente. Mas a verdade é que não havia grande debate a fazer-se numa eleição presidencial como esta. Nada ou muito pouco de política externa, CPLP, património histórico e cultural, de que o Presidente deve ser o principal garante, e um longo etecetera.


5 comentários:

Jaime Santos disse...

Achei mais do que deselegante, algo aviltante mesmo, mas não gostei de Marcelo, que mesmo antes dessa referência se começou a irritar e a interromper Gomes com frequência.

Para lhe apontar as contradições no discurso (que aliás não o eram, um Presidente pode ter boa articulação com um Governo, não precisa de estar metade do tempo a secundá-lo e outra metade a dizer mal dele, coisa que Marcelo fez, em particular nos últimos tempos, quando precisou de se descolar desse Governo para assumir a pele de candidato), Marcelo não precisava de ter sido indelicado. É capaz de ter sido daí que veio a farpa de Gomes, não sei.

Há quem olhe para os argumentos e quem olhe para a postura. E a postura de Marcelo raramente foi outra coisa que não arrogante (excepto porventura no debate com Matias). Parece-me que o actual PR é daqueles 'who doesn't suffer fools gladly'...

Não vi o debate Matias-Mayan, só excertos, mas parece-me que a bloquista levava a lição bem estudada, deve ter sido realmente um excelente debate. O melhor que tem a política é a exposição e o confronto de visões opostas com elevação. Agora, o formato de meia-hora não lembra o diabo e favorece os sound-bytes de um Ventura.

Tino de Rans é uma espécie de Joane, o Parvo, que diz as verdades com candura. Viu-se em particular no debate com Ventura.

Mas não é um político. Políticos com formação (mas sem educação formal) vindos do Povo são pessoas como Jerónimo de Sousa ou Lula da Silva.

Eu devo dizer que por vezes as intervenções de Tino de Rans me parecem algo confrangedoras. Enfim, vivemos num País livre e outros há, com muito mais formação do que ele, que fazem figurinhas bastante piores...

jpt disse...

"Nada ou muito pouco de política externa, CPLP, património histórico e cultural, de que o Presidente deve ser o principal garante, e um longo etecetera." - pois

R. disse...

Não me pareceu ver grande arrogância em Marcelo. Com Ana Gomes, pareceu-me, de facto, que perdeu um pouco a paciência. mas quem lhe atira a primeira pedra?...

Sim, Matias-Mayan foi quanto a mim o melhor debate, embora pobre para uma eleição presidencial; mas a culpa foi menos deles que do formato.

Sim, tem razão quanto à condição do Tino de Rans nesta campanha, mas Joane o Parvo, meu caro?! Isso é um bocado cruel. Eu acho-o muito vivo e inteligente, apreciei-lhe a espontaneidade e a rapidez. Não sei se reparou, fez o João Ferreira mostrar os dentes... E com o Ventura esteve brilhante.

JPT, é a imprensa portuguesa, com certeza.

Jaime Santos disse...

Tino de Rans é um puro, foi nesse sentido que o comparei com a personagem de Gil Vicente, que era tudo menos idiota. É a única, com excepção dos quatro cavaleiros, a ter lugar na barca do Paraíso, se bem me lembro (o elogio da loucura, penso eu, que hoje sabemos nada ter a ver com a estupidez).

Mas para se estar numa campanha convém ter ideias (leia-se princípios, ideologia e políticas factíveis, que é o que falta a Gomes, por exemplo) e ser capaz de responder ao que se lhe pergunta com algo mais do que alegorias.

O 'bom povo português' por si só não me impressiona (a visão é reaccionária). Curvo-me perante a decência das pessoas simples, mas quem eu admiro são vultos como Jerónimo de Sousa que vêm de baixo, lutaram e aprenderam por si... Ser-se só boa pessoa não chega para se estar na Política.

R. disse...

Meu caro, estamos de acordo; mas o que eu aprecio não é político inexistente, é mesmo o bicho, cujo grau de pureza não sei avaliar.